Museu Nacional: houve falha em instalação de ar-condicionado, conclui laudo

Polícia Federal apresentou o laudo sobre a investigação do incêndio em setembro do ano passado

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: No último dia 12 de fevereiro, pela primeira vez, cinco meses após o incêndio, o palácio que abrigava o Museu Nacional do Rio de Janeiro, foi aberto para a imprensa, e parte do acervo recuperado foi apresentado
Foto: Agência Brasil

 A Polícia Federal (PF) apresentou na manhã desta quinta-feira, 4, o laudo sobre a investigação do incêndio no Museu Nacional, ocorrido em setembro do ano passado e que consumiu a maior parte do acervo de 12 mil peças da instituição localizada na Quinta da Boa Vista, no Rio. Como antecipado pelo jornal O Estado de S. Paulo no mês passado, a causa mais provável para o início do fogo foi um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado instalado no auditório no térreo da edificação. A conclusão dos peritos servirá para embasar inquérito da PF para apontar possíveis responsáveis, que poderão responder criminalmente.

Nos dias que se seguiram ao incêndio, uma equipe formada por sete peritos - três especializados em incêndio, dois em local de crime e dois em audiovisual e fotogrametria - atuaram diretamente no museu para colher evidências, além de outros que trabalharam posteriormente para análise do material. 

Foi descartado incêndio criminoso ou mesmo a queda de um balão, sendo que "a causa mais provável", segundo a PF, foi um curto-circuito num ar-condicionado. O aparelho estaria funcionando sem respeitar as normas do fabricante.

Segundo os peritos, nem todas as câmeras de monitoramento do museu estavam funcionando, sendo que nenhuma delas registrou o foco inicial do incêndio. Mas imagens captadas por alguns dos equipamentos e outras feitas por câmeras externas ou mesmo fotografias postadas na internet permitiram que os investigadores estudassem a dinâmica do fogo, concluindo que ele se iniciou no auditório localizado no térreo.

O local possuía equipamentos de som, projetor de imagem e três aparelhos de ar-condicionado. E foi em um deles que, segundo os peritos, o incêndio se iniciou. De acordo com os técnicos, o aparelho tinha "deficiências na instalação".

"A gente não conseguiu identificar uma causa única, foram várias situações", disse o perito Marco Antônio Zatta. "Deveria ter um disjuntor para cada ar-condicionado. Havia um para os três. Não estava seguindo a recomendação do fabricante", pontuou. "A questão do aterramento é outro motivo. Ele havia sido feito na parte externa, mas não na interna. Foi feito pela metade."

"A gente não conseguiu identificar uma causa única, foram várias situações", diz perito Marco Antônio Zatta

A partir da conclusão dos peritos, a Polícia Federal tentará apontar os responsáveis. Eles poderão responder por incêndio culposo ou até mesmo doloso, mas não há previsão para conclusão do inquérito. "Ainda temos diligências em andamento", limitou-se a dizer o delegado Paulo Teles.