Ex-presidente da Vale diz que não sabia do risco de queda de barragem em Brumadinho

Fabio Schvartsman disse que sob sua administração, a mineradora cumpriu integralmente a legislação brasileira para mineração e barragens

Escrito por Agência Brasil ,
Legenda: Vários senadores insitistram que Fábio Schvartsman apontasse nominalmente quem são os responsáveis pela tragédia na Mina do Córrego do Feijão
Foto: Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Começou pouco depois das 9h30 desta quinta-feira (28), a oitiva do ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman na comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Senado que apura as causas do rompimento de uma barragem da mineradora em Brumadinho (MG). A audiência teve início com cerca de 30 minutos de atraso e com a presença de apenas oito senadores.

No depoimento, o ex-presidente da mineradora disse que nunca chegou ao seu conhecimento que houvesse risco iminente de rompimento de barragens da Companhia. “No caso de Brumadinho, posso afirmar categoriamente, que jamais chegou ao meu conhecimento nenhuma denúncia pelos canais oficiais da empresa ou quaisquer outros, nem mesmo os anônimos, relatando risco iminente de rompeimento de barragens”, afirmou.

O executivo insistiu que todos os relatórios, enviados à Diretoria e ao Conselho de Administrção da Companhia, foram atestados por empresas mundialmente reconhecidas em segurança de barragens e indicavam estabilidade das barragens. Sobre a conduta da Tuv Sud, empresa alemã que atestou a estabilidade da barragem em Brumadinho, Fábio Schvartsman se disse surpreso. “Jamais imaginamos que uma companhia desse porte e reconhecimento poderia emitir um laudo em uma situação que não houvesse real estabilidade”.

Em sua defesa, o ex-presidente da Vale, disse que sob sua administração, a mineradora cumpriu integralmente a legislação brasileira para mineração e barragens. Nesse sentido ressaltou que os investimentos da mineradora em segurança de barragens cresceram significativamente, foram de R$180 milhões, em 2017 para R$241 milhões, em 2018. Para 2019 o valor previsto é de R$256 milhões.

Nomes

Vários senadores insitistram que Fábio Schvartsman apontasse nominalmente quem são os responsáveis pela tragédia na Mina do Córrego do Feijão. “A responsabilidade, se houver, é certamente da área técnica. Não há duvida que houve algo tremendamente errado e tenho certeza que as investigações vão apontar os responsáveis”, disse sem citar nomes. Questionado outras vezes sobre de quem é a responsabilidade pela instalação do refeitório e da área administrativa da Mina, bem próximas à barragem que se rompeu, o ex-presidente da Vale disse que as áreas técnicas de cada região tinham autonomia e independência financeira para essa tomada de decisão.

Histórico

Schvartsman é o primeiro convocado a depor pela CPI. Ele seria ouvido na última quinta-feira (21) na condição de convidado, mas em recuperação após uma cirurgia de catarata no olho direito apresentou um atestado médico e teve sua convocação aprovada para esta quinta-feira. O presidente interino da mineradora, Eduardo Bartolomeo, também teve um requerimento de convocação aprovado e será ouvido pelos senadores em data que não definida.