Estados evitam dizer quanto dura estoque de máscara e luvas contra coronavírus

Para atender demandas crescentes, os governos estaduais buscam alternativas para aquisição de insumos e equipamentos necessários ao tratamento

Escrito por Redação ,

Governos estaduais evitam dar prazo de quanto tempo vão durar luvas, máscaras, equipamentos de proteção, álcool em gel e outros insumos para profissionais de saúde em hospitais em meio à pandemia da COVID-19. Já quanto a respiradores, os estados lutam para adquirir ou até alugar mais equipamentos e evitar colapso.

Com o maior número de casos confirmados de Covid-19 no Nordeste, o Ceará possui cerca de 1.500 respiradores, dos quais 70% pertencem à rede pública. Na avaliação do secretário estadual de Saúde, Dr. Cabeto, serão necessários mais 700 caso o Brasil mantenha o padrão dos outros países que já atingiram o pico da doença. O estado está negociando a compra desse total com um fornecedor da China. Pelo menos cem devem chegar na próxima semana e 400 são esperados até o final de abril.

O governo cearense também comprou 270 mil toneladas de EPIs (equipamentos de proteção individual) da China. Segundo o secretário, o estado tem estoque da maior parte dos equipamentos, com exceção de aventais e máscaras M95, que estão em menor quantidade. "Há uma dificuldade para a entrega de insumos, até mesmo aqueles que já foram comprados. Por isso, estamos agindo em várias frentes", diz.

Na Bahia, a Secretaria de Saúde informou que o estoque atual de de insumos possui 80 mil litros de álcool, 9,9 milhões de máscaras cirúrgicas, 1,3 milhão de máscaras M95, 32,4 milhões de luvas, 2 milhões de toucas e 2,6 milhões de aventais descartáveis. O governo baiano, contudo, não informou se essa quantidade é suficiente para a demanda que será gerada com o enfrentamento da Covid-19. A Bahia chegou a ter uma compra de 600 respiradores cancelada por um fornecedor da China quando os equipamentos estavam nos Estados Unidos, a caminho do Brasil. O estado comprou a mesma carga de outro fornecedor e aguarda a entrega.

À beira do colapso, com 95% dos leitos de UTI da rede pública ocupados, o Amazonas dispõe de 500 respiradores. Desses, 92 estão sendo usados exclusivamente para pacientes com Covid-19. O estado aguarda a chegada, nesta semana, de dez leitos completos do Ministério da Saúde. Além disso, a Secretaria da de Saúde espera receber, ao longo dos próximos dias, 155 novos respiradores recém-adquiridos .

O Pará dispõe de 622 ventiladores pulmonares na rede pública e 507 na privada. A Secretaria Estadual afirma que tem máscaras cirúrgicas, EPIs e luvas em quantidade suficiente.

Sudeste

O governo do Rio de Janeiro pretende dobrar sua quantidade de respiradores. Na rede estadual, havia antes da pandemia 904 leitos com respiradores em UTIs, sob um total de 3.484 leitos. Agora, o governador Wilson Witzel (PSC) anunciou a compra de mais 900, mas não deu um prazo para eles chegarem.

Eles serão instalados entre o montante de 2.448 novos leitos que estão sendo inaugurados após a expansão da doença, sendo grande parte deles em hospitais de campanha a serem inaugurados até o fim do mês, como o do estádio do Maracanã. Os números informados não incluem as redes municipais, federal nem privada. O governo do Rio informou ainda que, no último dia 1º, começou a entregar 5.000 máscaras do tipo Face Shield doadas por instituições para hospitais e unidades de pronto atendimento. Não respondeu, porém, até quando máscaras e outros EPIs deverão ser suficientes.

Dos 6.272 respiradores existentes em Minas Gerais, 5.935 estão em uso, sendo que 4.457 estão no SUS. Para atender a demanda prevista, a gestão Romeu Zema (Novo) começou processo de compra de equipamentos novos, mas, com a falta de produtos no mercado mundial, estuda alugar respiradores que não estejam sendo usados em clínicas pelo estado. A área técnica da Secretaria de Saúde ainda avalia as demandas por EPIs (equipamento de proteção individual), luvas e máscaras, mas o estado diz que já está liberando recursos para municípios e hospitais adquirirem equipamentos.

No Espírito Santo, o governo adquiriu 185 aparelhos de ventilação. Destes, 50 foram entregues. A Secretaria de Saúde diz que o estado tem mais de 900 aparelhos de ventilação no SUS. Outros 99 aparelhos foram adquiridos pelo Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves. O governo diz que o acompanhamento semanal não identificou falta de EPIs na rede. 

Sul

O Paraná conta com 3.792 respiradores, chegando a uma média de quase seis equipamentos por hospital, somando os públicos e privados. O estado aguarda a chegada de outros respiradores, o que elevaria a média para sete por hospital. O plano de contingência do governo do Paraná conta hoje com 428 leitos de UTI para tratamento exclusivo de pacientes com o novo coronavírus.

O número deve ser ampliado com a retaguarda nos hospitais universitários do estado e de três unidades hospitalares que serão entregues em até dois meses, segundo o governo. A Secretaria de Saúde não informou qual a disponibilidade de materiais de proteção para funcionários dos hospitais, mas diz que os fornecedores estão cumprindo os pedidos.

O Rio Grande do Sul não informou quantos respiradores possui e tenta adquirir. Porém, o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), disse que há "dificuldades para aquisição" dos aparelhos. "Vocês estão observando que essa é uma dificuldade mundial. Os Estados Unidos têm um comportamento agressivo nesse sentido, para viabilizar para lá equipamentos e materiais. Isso tem gerado dificuldades em diversos países, incluindo o Brasil. E, dentro do Brasil, também há dificuldade de viabilizar equipamentos", disse Leite.

O governador disse que, por isso, "atua em diversas frentes", como conserto de respiradores, locações e destinação de leitos privados para o SUS.

O governo de Santa Catarina possui 1.037 leitos com respiradores distribuídos em 21 cidades.

Aquisição

Pernambuco tem 1.424 respiradores na rede estadual e aguarda a entrega de outros 227 já adquiridos. Há ainda outros 80 respiradores em manutenção que devem ser colocados em funcionamento nos próximos dias. O governo não informou sobre estoques de máscaras e luvas. 

O Mato Grosso do Sul conta com 1.015 respiradores em todo o estado e deve receber 25 nos próximos dias, além de ter adquirido mais 150 aparelhos. Uma parceria do governo com entidades vai possibilitar ainda o conserto de 70 equipamentos. O governo não respondeu se o número será suficiente. Segundo o a gestão estadual, não há como realizar projeções, pois, por ora, os casos da covid-19 estão sob controle no estado.

Mato Grosso diz que só pode quantificar com exatidão os respiradores que pertencem à rede do SUS, que somam 813. O número é insuficiente para a demanda do coronavírus, o que fez o estado comprar cem novos aparelhos, que serão distribuídos entre todos os hospitais. Conforme o governo, até sexta-feira (3) o Ministério da Saúde tinha enviado 328 mil materiais de EPIs. Não há falta deles, de acordo com a Secretaria da Saúde.

Já Goiás informou apenas ter 280 ventiladores mecânicos nos hospitais da rede estadual, 70 deles no HCamp (Hospital de Campanha), em Goiânia.

No Rio Grande do Norte, são 279 respiradores em leitos da rede pública. O governo ressaltou também, sem especificar a quantidade, que existem equipamentos em leitos de área vermelha das UPAs. Na rede privada há 260 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com respiradores. O governo informou que há uma expectativa de aquisição de mais 115. Uma campanha realizada pela CDL Natal em parceira com o governo estadual conseguiu consertar 30 que estavam parados.

A secretaria diz que, com base no comportamento até o momento da pandemia no estado, há máscaras cirúrgicas para 15 ou 20 dias e do tipo N95 para aproximadamente um mês. O estado aguarda a entrega de um grande volume do material por um fornecedor e também pelo Ministério da Saúde.

Luvas de procedimento durariam um período estimado de 30 a 45 dias. Há toucas descartáveis para 20 dias. Os protetores no estilo "face shield" acabaram. Foram distribuídas 400 unidades para os 11 hospitais de referência no final de março. O governo aguarda o envio do restante que já foi encomendado.

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