Eduardo Bolsonaro comemora impeachment com elogio a torturador e interpretação própria da História

Filho de Jair Bolsonaro confundiu comunismo com socialismo e sugeriu apoio de Kubitschek e Ulisses Guimarães ao golpe militar

Escrito por Redação ,

Jair Bolsonaro deve ter orgulho dos filhos, tal a forma como repetem a retórica dele, ainda que, para isso, demonstrem desconhecimento histórico ou tenham uma visão um tanto diferente sobre certos momentos do País. Desta vez, foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) que chamou atenção ao comemorar o impeachment de Dilma Rousseff com elogio a torturador e confundindo comunismo com socialismo.

Na página do parlamentar no Facebook, Eduardo comparou o afastamento da agora ex-presidente à destituição de João Goulart pelo golpe Militar em 1964. Segundo ele, “o Brasil vivia um colapso estimulado pelo comunismo - o atual socialismo”. Entretanto, os termos tratam de diferentes sistemas, onde o segundo é uma etapa para se atingir o primeiro.

O filho do também deputado federal Jair (PSC-RJ) foi mais além em sua interpretação da História recente do País. Ele lembrou que, em abril de 1964 o Congresso Nacional, “com votos de Juscelino Kubitschek e Ulisses Guimarães inclusive, elegeu o General Castelo Branco”, sugerindo um apoio destes dois políticos à ditadura. 

Entretanto, à época, ainda não se tinha noção do que viria a ser a ditadura. O próprio cearense Humberto de Alencar Castelo Branco era opositor dos generais da chamada linha dura. 

Ustra

Por fim, Eduardo Bolsonaro repetiu o gesto do pai (Freud explica!) na votação do impeachment na Câmara dos Deputados, em abril deste ano, e elogiou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi, órgão de repressão da Ditadura e um dos torturadores de Dilma Rousseff.

“Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, o meu voto é sim”, disse Bolsonaro pai na ocasião.

Ustra, morto ano passado aos 83 anos, foi o primeiro torturador reconhecido oficialmente no País. Conhecido como “Doutor Tibiriçá”, ele foi acusado de ser responsável pelo desaparecimento e morte de, pelo menos, 60 pessoas. 

Além dele, Eduardo também homenageou o tenente-coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel, tido como o militar que mais matou na pouco documentada guerrilha do Araguaia. Ele, inclusive, prendeu o ex-deputado e ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) José Genuíno. 

Para o deputado por São Paulo, os dois foram “homens de coragem” e “evitaram que hoje todos nós estivéssemos cortando cana como em Cuba”, escreveu, demonstrando também sua interpretação sobre a economia do país caribenho. 

E, por fim, celebrou: “Perderam em 64. Perderam em 2016. Viva as Forças Armadas! Vivam os Brasileiros!!! (sic)”, concluiu.