Doença letal, febre hemorrágica faz São Paulo monitorar 100 pessoas

Apesar da cautela, tanto o Ministério da Saúde quanto a Secretaria da Saúde de São Paulo afirmam que o risco de transmissão é baixo para a população em geral e que não deve haver pânico

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: A população do entorno da residência da vítima da doença foi alertada pelas autoridades para ficar atenta aos sinais da doença
Foto: Agência Brasil

Entre 100 e 150 pessoas que tiveram contato com o paciente que morreu de febre hemorrágica brasileira em Sorocaba, no interior de São Paulo, serão monitoradas nas próximas semanas quanto a possíveis sintomas da doença, informou nesta terça-feira, 21, o Ministério da Saúde. Rara, a doença é altamente letal.

Embora o risco de contágio seja baixo e nenhum deles tenha manifestado sinal da doença, serão acompanhados até o dia 3 de fevereiro, período máximo para uma possível incubação do vírus. Caso apresentem sintomas, os pacientes deverão ser encaminhados para internação.

Na segunda-feira, 20, o ministério confirmou o primeiro caso de febre hemorrágica brasileira registrado no País em 20 anos. A doença é causada por uma nova variante do vírus Sabiá, da família arenavírus, o mesmo que causou as quatro infecções já registradas no Brasil.

De acordo com Júlio Croda, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do ministério, fazem parte do grupo de pessoas monitoradas parentes e amigos que tiveram contato com o paciente e os profissionais de saúde que participaram do atendimento ao caso. "Ele passou por três estabelecimentos de saúde e teve as amostras analisadas por dois laboratórios", destacou Croda.

Croda explicou ainda que o ministério estratifica o grupo de monitorados em pessoas de alto, médio e baixo risco. Ele não quis informar quantas pessoas integram cada grupo, mas disse que são poucos os profissionais de saúde na situação de alto risco.

Histórico

A vítima da doença, um homem de 50 anos, passou por hospitais de Eldorado, Pariquera-Açu, ambas no interior de SP, e da capital entre o início dos sintomas, em 30 de dezembro, e o óbito, em 11 de janeiro. Antes de apresentar os sintomas, o homem esteve em outras duas cidades do interior: Itapeva e Itaporanga.

Nos municípios pelos quais passou, a situação é de alerta. Em Sorocaba, onde ele morava, a mulher e a irmã do homem estão sendo acompanhadas de perto pela vigilância municipal. "Orientamos as duas para que fiquem isoladas, em quarentena, pelo menos até o dia 3 de fevereiro. Também pedimos que evitem compartilhar copos, talheres, roupas e objetos de uso pessoal", afirmou Priscilla Helena dos Santos, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Sorocaba.

Segundo o secretário de Saúde de Sorocaba, Ademir Watanabe, é pouco provável que o homem tenha adquirido o vírus na cidade. Os locais mais prováveis de contaminação, disse ele, são áreas rurais de Itapeva e Itaporanga, onde o paciente esteve. "Existe o relato de que em uma dessas localidades há um paiol com a presença de roedores, ratos do campo, que são os transmissores da doença."

A população do entorno da residência do paciente foi alertada pelas autoridades para ficar atenta aos sinais da doença.

Os sintomas iniciais são: febre, dor de cabeça, dor abdominal forte sonolência, prostração, queda de pressão, tontura e confusão mental.

Em seguida, é constatado o comprometimento hepático (icterícia) e sinais de hemorragia, além de comprometimento neurológico.

Apesar da cautela, tanto o Ministério da Saúde quanto a Secretaria da Saúde de São Paulo afirmam que o risco de transmissão é baixo para a população em geral e que não deve haver pânico.

"É um caso único e, até o momento, não estamos tendo outros suspeitos, por isso não é o caso de correria para o hospital ou posto de saúde. Nós, da saúde, estamos em alerta nessas áreas por onde a pessoa passou", destacou Helena Sato, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da secretaria estadual.

"Estamos investigando onde ele pode ter se contaminado e acompanhando as pessoas que podem ter tido contato com o paciente para ver se aparecem casos com sintomas semelhantes", disse ela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.