Comunidade muçulmana presta solidariedade às vítimas de tragédia em Campinas

Federação das Associações Muçulmanas do Brasil prega o fim da violência e das armas de fogo

Escrito por Sérgio Ripardo ,

O tiroteiro na Catedral Metropolitana de Campinas (SP), que deixou seis mortos, incluindo o atirador suicida, motivou manifestação de solidariedade da comunidade muçulmana no Brasil com os católicos.

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"Invocamos a Deus, que receba com Sua misericórdia as vítimas fatais deste ataque tão cruel, consolando, sobretudo, os que sofrem com sua ausência. Que os feridos se restabeleçam prontamente e que nada mais afete a paz dos nossos irmãos cristãos neste mês de preparativos para celebrar uma data tão importante: o Natal", comentou a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), entidade representativa do Islã, em nota divulgada à imprensa. 

A entidade repudiou o ato de violência em Campinas, na última terça-feira, e lembrou os valores cristãos.

"É premissa do Islã – que certamente encontra consonância com os valores cristãos – a defesa da vida, da dignidade, da justiça e a não concordância com qualquer tipo de violência. Mais ainda: entendemos que é preciso respeitar as religiões, a fé, os ritos e os templos sagrados, o que torna o ato ainda mais injustificável".

Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, o vice-presidente da Fambras, Ali Zoghbi, disse que a vida tem de ser preservada, pois é a mais importante criação de Deus. "Vivemos em um mundo violento. Políticas públicas precisam responder a isso", defendeu Zoghbi.

Zoghbi destacou a necessidade de empatia dos muçulmanos com os católicos neste momento em que um templo religioso é palco de um episódio tão violento. "As pessoas buscam em um templo religioso o conforto espiritual, o aconselhamento. O caso ter ocorrido em um templo o torna mais dramático", observou o vice-presidente da Fambras.

Ele comentou também que o episódio em Campinas serve para pensar em problemas do mundo moderno, como a depressão e problemas psicológicos, além do acesso a armas de fogo.

O atirador foi identificado como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, que morava em Valinhos (SP). Ele era analista de sistemas, não tinha antecedentes criminais e já registrou boletins de ocorrência por perseguição e injúria. No crime, ele usou uma pistola e um revólver.

"O Islã é contra a existência de armas de fogo", destacou Zoghbi.

Criada há quase 40 anos, a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil  atua nos âmbitos religioso, social, cultural, econômico e diplomático, por meio de projetos de divulgação do Islã e de ações educacionais, culturais e assistenciais, além de combater o preconceito aos muçulmanos.