"Como se não tivesse caído a ficha", relata bombeiro civil cearense sobre clima em Brumadinho

Voluntário de Jaguaribe, o bombeiro Jeferson Ricardo conta ao Diário do Nordeste detalhes sobre os trabalhos realizados em Minas Gerais

Escrito por Márcio Dornelles ,

Os cearenses acompanham o trabalho de resgate na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, devastada com o rompimento da barragem da Mina Córrego de Feijão, que deixou, até agora, 166 pessoas mortas e 155 desaparecidas. Mais que isso, o Estado do Ceará está representado pelo bombeiro civil Jeferson Ricardo, voluntário de Jaguaribe, que integra um grupo formado por profissionais também de Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ao Diário do Nordeste, Jeferson relatou as dificuldades enfrentadas e o clima de comoção na região do desastre.

Imediatamente após a tragédia, ocorrida no dia 25 de janeiro, Jeferson afirma que entrou em contato com a Defesa Civil de Brumadinho e se dispôs a viajar para ajudar nas buscas, acompanhado de outros bombeiros civis, brigadistas, socorristas e técnicos de enfermagem do grupo Missionários da Vida. E o primeiro contato foi marcante. "Quando nós entramos em Minas Gerais, a gente encontrava muitas pessoas nas cidades, nas ruas com aspecto bem triste. Quando entramos em Brumadinho, percebemos um aspecto totalmente diferente. Como se ainda não tivesse caído a ficha", conta Jeferson.

"Quando entramos em Brumadinho, percebemos um aspecto totalmente diferente. Como se ainda não tivesse caído a ficha"

Apenas no terceiro dia a equipe do cearense foi autorizada a iniciar os trabalhos na chamada "zona morna", que fica no limite entre a lama e a vegetação, no rio Paraopeba. "Buscávamos, às margens do rio, segmentos dos corpos ou corpos propriamente ditos, seja animal ou humano, e quando encontrávamos animais, direcionávamos ao Bicho do Mato, que é um projeto ligado ao Ibama", diz.

Jeferson Ricardo explica que está em fase final de desintoxicação para voltar ao Ceará. De Minas Gerais, garante que traz muito aprendizado, sobretudo humano. "Viemos para cá com a intenção de ajudar, e vamos sair daqui altamente satisfeitos por ter feito um trabalho humanitário tão específico e gratificante", destaca.