Ceará está fora da lista de estados com distribuição da cerveja mineira contaminada

Em 10 estados e Distrito Federal, empresas começaram a recolher os produtos da cervejaria Backer

Escrito por Redação ,
Legenda: Cerveja da Backer é suspeita de provocar mortes por contaminação com substância tóxica
Foto: Foto: AFP

O Ceará está fora da lista dos 10 Estados brasileiros (além do Distrito Federal) que possuem distribuidores dos rótulos da cervejaria mineira Backer, alvos de suspeitas de contaminação por uma substância tóxica, responsável pela morte de quatro pessoas. No Nordeste, apenas quatro estados (Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão) têm distribuidores dos produtos da Backer.

>MG: 14 pessoas que beberam cerveja Belorizontina correm risco de morte

Segundo a lista de fornecedores da Backer, os 10 Estados brasileiros que distribuem suas cervejas são: Bahia, Goiás, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo, além do Distrito Federal. No Piauí, estado vizinho, a reportagem entrou em contato com a Bierbrau, que informou nunca ter enviado lotes para a venda no Ceará.

O Ministério da Agricultura determinou o recolhimento de todos os produtos da Backer. Em Goiás, uma empresa que faz distribuição das marcas da cervejaria mineira, que preferiu não se identificar, começou nesta semana a recolher o estoque de todas as linhas vendidas no estado. A distribuidora informou que estima recolher 300 garrafas da marca Belorizontina em Goiânia, informou o G1.

14 pacientes

Os 14 pacientes internados com suspeita de intoxicação por dietilenoglicol depois de beberem a cerveja Belorizontina, da Backer, estão em estado grave e correm risco de morte, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Todos estão internados na rede privada hospitalar de Belo Horizonte. Até o momento, são 18 notificações de possível intoxicação pela substância, com quatro mortes, sendo três suspeitas e uma confirmada.

O número de notificações pode aumentar, segundo o superintendente de Vigilância e Saúde do Estado, Felipe Laguardia. A Vigilância Sanitária de Belo Horizonte colocou em monitoramento outras 16 pessoas que procuraram a rede municipal de saúde e afirmaram terem bebido a Belorizontina.

A diretora de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura, Lúcia Paixão, afirmou que, com o início dos casos de intoxicação, foi registrado aumento na procura por unidades básicas de saúde e também de pronto-atendimento. Não há, porém, um porcentual que dê dimensão a esse aumento.

"O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a ser procurado agora, com a divulgação. Muito pelo temor", justificou a diretora.

Os 14 pacientes estão sendo tratados com o antídoto para o dietilenoglicol, o etanol. As investigações apontaram também a presença de monoetilenoglicol na produção da Backer e na fábrica da cervejaria. Porém, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, todas as intoxicações foram pelo dietilenoglicol. As duas substâncias são altamente tóxicas - ambas provocam danos graves aos rins. Em relação a problemas neurológicos, o dietilenoglicol é um pouco mais brando.

Sintomas

Os pacientes apresentaram ainda cegueira, perda de movimentos de cima para baixo e paralisia facial. Os sintomas iniciais, dores abdominais e vômitos, começam a ocorrer em até 72 horas depois da ingestão da substância tóxica.

O superintendente de Vigilância Sanitária do Estado afirmou que todos os casos suspeitos que chegam são colocados para análise e só depois de confirmado que pode se tratar de contaminação pelo dietilenoglicol é que são acrescentados ao rol de notificações.

As autoridades de saúde pedem que, em relação a pessoas que tenham a cerveja em casa, não a joguem no lixo. A entrega deve ser feita, no caso de Belo Horizonte, nas administrações regionais da capital. Quanto aos bares e restaurantes, a recomendação é para que os proprietários dos estabelecimentos entrem em contato com a empresa.

A Prefeitura identificou descarte irregular de garrafas da cerveja, conforme a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), responsável pela coleta de lixo na cidade. "Com isso, passa a existir o risco de consumo da bebida por pessoas em situação mais vulnerável", explicou Lúcia Paixão.

A Secretaria de Estado da Saúde negocia com a Polícia Civil transferência de tecnologia para exames de identificação da presença do dietilenoglicol, hoje exclusivo no Estado, na rede pública, à corporação.