Afundamento do solo faz Maceió decretar calamidade pública

Casas do bairro Pinheiro apresentam rachaduras e instabilidade; prefeitura realiza evacuação de moradores

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: A análise de imagens de radar apontou que o bairro está afundando em uma velocidade considerada expressiva que, em alguns pontos, chega a 40 centímetros em dois anos
Foto: Foto: Reprodução / Facebook / @PrefeituraDeMaceio

A prefeitura de Maceió decretou na terça-feira (26), estado de calamidade pública no bairro do Pinheiro, que apresenta rachaduras e afundamento desde o ano passado. A meta da gestão municipal é fazer a remoção dos moradores dos 2.415 imóveis afetados até abril - estima-se que 7 mil pessoas morem no local. O decreto se estende a dois outros bairros vizinhos que também estão com o problema: Bebedouro e Mutange, que ainda não tiveram a população atingida calculada.

Na semana passada, em audiência pública no Senado, o Serviço Geológico (CPRM) apresentou resultados preliminares de um estudo sobre a instabilidade do bairro, que deve ser concluído no próximo mês. A análise de imagens de radar, no período de abril de 2016 a dezembro de 2018, apontou que o bairro está afundando em uma velocidade considerada expressiva que, em alguns pontos, chega a 40 centímetros em dois anos. O órgão constatou que o bairro foi construído sobre antigas lagoas aterradas e o sistema de esgoto inadequado intensificou o problema. Mas as causas da falha ainda não foram completamente detalhadas.

Diante da gravidade do quadro, o município intensificou o cadastramento de moradores que vão passar a receber auxílio-moradia, no valor de R$ 1 mil mensais, inicialmente pelo período de seis meses. "As áreas afetadas pelas fissuras abrangem 2.415 imóveis. Desses, 523 já foram cadastrados para que sejam evacuados. A evacuação foi iniciada ainda no ano passado, com prioridade para a área vermelha, região que concentra o maior índice de fissuras. O trabalho continua sendo intensificado para que a evacuação total dos imóveis atingidos ocorra até o mês de abril", disse, em nota, a prefeitura.

A gestão municipal informou ainda que equipes com 20 a 30 pessoas têm trabalhado no cadastro de moradores e, diariamente, um veículo é oferecido para realizar a mudança de quem deixa o local. A Polícia Militar e a Guarda Municipal têm rondas "para garantir a integridade dos imóveis evacuados".

Investimento perdido

O prédio onde mora há dois anos a pedagoga Luciana Campos, de 38 anos, não tem rachaduras, mas ela foi informada nesta terça pela Defesa Civil Municipal que terá de deixá-lo. "Falaram que a gente vai ter de sair depois do cadastro. Haverá uma reunião para fechar o prédio. Moro na cobertura e fizemos um investimento alto em móveis planejados", lamenta.

Ela conta que o marido comprou oito apartamentos no prédio. "Ele alugava quatro para ter renda e outros estavam com os filhos. A gente encontrou outra casa para morar, mas não sei se vai dar para esperar fazer uma reforma antes de mudar. Está chovendo muito e estamos com medo."

O prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), viajou nesta terça para Brasília para discutir medidas para os bairros Bebedouro e Mutange com o governo federal. Ele foi acompanhado por Dinário Lemos, secretário de Defesa Civil da capital alagoana. "Ainda não há dimensionamento populacional recente das duas regiões, visto que há um quantitativo expressivo de ocupações irregulares sobretudo em áreas de encosta", alegou a prefeitura, em nota oficial.