Indicações feitas por Lula engessam Dilma

Escrito por Redação ,
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Até mesmo em pastas que Dilma gostaria de ter influência, ela atendeu o seu padrinho político, como na Fazenda

Brasília. Após quatro semanas de transição, o que mais chama atenção de integrantes das equipes do atual e do próximo governo é a influência total do presidente Lula, não só na condução política com os aliados, mas, principalmente, na escolha dos nomes do Ministério de Dilma Rousseff. Todos os nomes confirmados, e até os que já foram convidados, são da cota pessoal do presidente, o que tem deixado Dilma engessada.

Um ministro demonstrou surpresa com a fidelidade excessiva de Dilma a Lula. Já no PT há o reconhecimento de que a equipe do governo Dilma terá cara, coração e alma do presidente Lula, acrescentou esse ministro. Segundo outro interlocutor do presidente, ele estaria fazendo, com a equipe de Dilma, o que gostaria de ter feito em sua gestão. Dilma não faz nada sem consultá-lo.

Lula tem hoje uma percepção maior do que deu certo e do que pode dar muito errado. E é nessa linha que tem dado sugestões a Dilma e influído de forma decisiva em todos as decisões da presidente eleita. Apesar de o próprio Lula ter dito que Dilma tem autonomia para nomear quem quiser para seu Ministério, não é isso que tem acontecido. Até mesmo em pastas que Dilma gostaria de ter influência, ela seguiu o conselho do seu padrinho político. O caso mais emblemático foi a decisão de manter no cargo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Dilma já tinha manifestado preferência de deslocar para a função o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Dilma também sempre disse que promoveria o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, para o Ministério do Planejamento. Mas também neste caso aceitou o conselho de Lula e nomeou Míriam Belchior, amiga do presidente. Coutinho e Barbosa, embora já estejam no governo, são nomes mais próximos de Dilma.

O mesmo ocorreu com os cargos palacianos. Lula avisou ao seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, que ele teria a missão de permanecer no Planalto; na gestão Dilma comandará a Secretaria Geral da Presidência, que faz a ligação com os movimentos sociais.

Mais que isso, Carvalho funcionará como a consciência crítica de Lula junto a Dilma nos próximos quatro anos, observou um amigo do presidente.

Força

A própria escolha de Antonio Palocci para a Casa Civil mostra a força de Lula. O ex-ministro da Fazenda foi indicado para a coordenação da então candidata como representante de Lula. Depois da eleição, o próprio Lula teve dúvidas em pôr Palocci no Planalto, temendo dificuldade de relacionamento dele com a presidente eleita.

A presidente eleita também resistia a ter alguém tão forte como Palocci na Casa Civil, e o próprio Palocci manifestava, até recentemente, preferência por ficar na Secretaria Geral da Presidência, temendo virar alvo fácil no novo governo.

Mas, depois que Lula se convenceu de que o melhor desenho para o Planalto era com Palocci na Casa Civil e Gilberto Carvalho na Secretaria Geral, Dilma bateu o martelo.