Hildebrando é julgado no Acre

Escrito por Redação ,
Legenda:
Foto:
Pascoal é acusado de matar um homem, após sessão de tortura em que a vítima foi esquartejada com uma motosserra

Rio Branco. Quinze testemunhas foram ouvidas ontem, no primeiro dia do julgamento de Hildebrando Pascoal, no Tribunal do Júri, em Rio Branco. Ao todo, 27 testemunhas devem ser ouvidas. O julgamento está previsto para durar três dias.

Pascoal é acusado de matar um homem depois de uma sessão de tortura em que a vítima foi esquartejada com uma motosserra. O deputado federal cassado e coronel reformado da Polícia Militar do Acre é apontado como líder do esquadrão da morte que durante anos atuou no Estado. Magro, com 1,90 metro de altura, Hildebrando estava sem algemas, sentado em frente aos sete jurados que formam o júri popular. Indagado pela reportagem sobre o julgamento, disse: "Solicite autorização judicial que eu passo três ou quatro dias com você".

São julgados o ex-deputado Hildebrando Pascoal (ex-DEM), Pedro Pascoal Duarte Pinheiro Neto (irmão de Hildebrando), Alex Fernandes Barros (sargento da Polícia Militar) e Adão Libório de Albuquerque (servidor público municipal). Hildebrando, coronel da PM, foi cassado.

Entre as testemunhas estavam ex-policiais que atuaram no grupo de Hildebrando e depois o delataram, Evanilda Lima de Oliveira, viúva de Agílson Santos, vítima da motosserra, dois de seus filhos e o ex-bispo de Rio Branco, dom Moacir Grecchi, que teve papel fundamental na denúncia.

Ao pedir proteção ao Estado, na época do crime, Evanilda disse ter recebido conselho da secretaria de segurança de que seria melhor sair do Acre. A filha chorou ao lembrar que, pela saída às pressas, não guarda fotos do pai e do irmão mortos.

Em denúncia apresentada em 1999, o Ministério Público Estadual alega que o motivo para Hildebrando matar Agílson, o Baiano (e o filho dele, então com 13 anos), em julho de 1996, foi o assassinato do irmão do militar. Baiano trabalhava para o acusado pelo crime.

Sanderson Moura, advogado do ex-congressista, afirma que não há provas e que a prisão dele tem motivações políticas.

Hildebrando, contudo, já foi condenado a mais de 80 anos de prisão por dois outros homicídios, narcotráfico, crimes eleitorais e financeiros e formação de quadrilha.