Com 407 mortes, Brasil atinge recorde por Covid-19 em um dia

Até então, o número mais alto de vítimas da infecção em 24 horas era de pouco mais da metade disso: no dia 17 de abril, foram registrados 217 óbitos. Ontem, o total de mortes no Brasil por conta da doença ultrapassou a marca de 3 mil

Escrito por Redação , pais@svm.com.br
Legenda: Vista aérea de cemitério no Amazonas, um dos estados com mais casos da Covid-19 no País
Foto: Foto: AFP

O Brasil registrou recorde de óbitos causados pelo novo coronavírus em 24 horas. Segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado ontem, foram registradas 407 novas mortes por coronavírus nas últimas 24 horas (entre quarta e quinta-feira), um número recorde e uma alta de 14%. Até então, o maior número de óbitos era de 217 em 17 de abril.

O total de mortes por Covid-19 no País ultrapassou a marca de 3 mil. Ao todo, desde o dia 17 de março, quando foi confirmada a primeira morte no País, foram registrados 3.313 óbitos. Além disso, o Ministério da Saúde investiga 1.269 óbitos considerados suspeitos e que aguardam resultado de exames para confirmar se a causa foi o novo vírus.

Dos quase 50 mil pacientes diagnosticados com Covid-19, pouco mais da metade (26,5 mil) já se recuperou da doença. O balanço do Governo mostra ainda que há 19,6 mil pacientes confirmados em acompanhamento em todo o País. O Governo Federal tem evitado falar sobre o número de subnotificações de Covid-19. Contudo, estimativas já deram conta de que o volume de contaminações estaria cerca de dez a 12 vezes abaixo da quantidade efetiva de casos em todo o País.

Hidroxicloroquina

Neste cenário, também ontem, o Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou o uso da hidroxicloroquina em diferentes situações, incluindo no início de sintomas sugestivos de Covid-19 e em ambiente domiciliar. A entidade reforçou que não é uma recomendação e sim uma liberação para a prescrição do medicamento por médicos.

O anúncio foi feito por Mauro Luiz Britto Ribeiro, presidente do CFM, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro da Saúde, Nelson Teich. Ribeiro admitiu que, apesar da liberação, a eficácia do medicamento não foi comprovada cientificamente.

Ministério

Por outro lado, Nelson Teich explicou que a decisão da entidade não representa uma recomendação do Ministério da Saúde. Segundo ele, a Pasta deve liberar o uso apenas quando houver evidência de que o medicamento funciona.

"Permitir o uso a critério do médico não representa uma recomendação do Ministério da Saúde. A recomendação vai acontecer no dia em que tivermos uma evidência clara de que o medicamento funciona", disse o ministro, que frisou que o parecer traz apenas uma "autorização".

"É importante deixar claro que não é uma recomendação nossa, é uma autorização. Recomendação depende de estudo científico sólido", afirmou. Teich ressaltou que a medida do CFM é diferente do posicionamento do Ministério da Saúde, que mantém um protocolo para uso do medicamento em pacientes graves e críticos e mediante acompanhamento em hospitais.

Apoio

Bolsonaro é um entusiasta da hidroxicloroquina e da cloroquina para o tratamento da Covid-19. Ele já defendeu que elas sejam utilizadas inclusive no estágio inicial da enfermidade e sua defesa das medicações foi um dos pontos centrais do conflito com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que era contrário à ampla recomendação do remédio para o coronavírus.

"Não existe nenhuma evidência científica forte que sustente o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid. É uma droga utilizada para outras doenças já há 70 anos, mas em relação ao tratamento da Covid não existe nenhum ensaio clínico prospectivo e randomizado, feito por grupos de pesquisadores de respeito, publicados em revistas de ponta, que aponte qualquer tipo de benefício do uso da hidroxicloroquina no tratamento", ponderou Mauro Luiz Britto Ribeiro.

No entanto, o dirigente disse que, no parecer, o conselho decidiu liberar os médicos para usarem a substância. Ele também destacou que o CFM não autoriza o uso preventivo da hidroxicloroquina.

Um estudo brasileiro feito pela Prevent Senior, inclusive, começou sem aval da comissão de ética, o que pode configurar fraude científica, segundo o Conselho Nacional de Saúde, órgão que integra o Ministério da Saúde.

Estudos

Outros países também possuem estudos a respeito da eficácia da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento de pacientes infectados com o coronavírus. No dia 21 de abril, por exemplo, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, dos Estados Unidos, divulgou um documento no qual contraindica o uso dos medicamentos. 

Tóxico

O motivo foi o potencial de toxicidade dos medicamentos. O documento do instituto afirma que não há dados suficientes para indicação a favor ou contra as drogas no tratamento da Covid-19. A recomendação foi elaborada por um painel de 
especialistas com representantes de, pelos menos, 13 entidades, como agências governamentais e associações médicas.