Chegada do zika é ligada a torneios esportivos

Pesquisadores investigam que o vírus pode ter entrado no País na Copa do Mundo ou em evento de canoagem

Escrito por Redação ,
Legenda: Cientistas brasileiros, agora, trabalham para identificar o chamado caso zero do zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti
Foto: Foto: Rafael Neddermeyer

São Paulo. Futebol ou canoagem? Estudos investigam a possibilidade de o vírus que lançou o Brasil em estado de alerta ter aportado aqui durante um torneio esportivo em 2014. Transmitido pelo mesmo mosquito da dengue e da chikungunya, o vírus zika deve fazer 500 mil vítimas até o final de dezembro, segundo o Ministério da Saúde.

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Os sintomas mais leves incluem febre baixa, manchas vermelhas no corpo e coceira. Os mais graves incluem associação com microcefalia em bebês e com a síndrome de Guillain-Barré, que paralisa os músculos do corpo. Agora, trabalhos científicos tentam mapear como o microrganismo chegou ao Brasil, 67 anos após ser isolado pela primeira vez em um macaco rhesus em Uganda, na floresta Zika - daí o nome.

Rota

O vírus isolado em Natal (RN) em março deste ano não é o da linhagem africana - é mais parecido com o tipo estudado na Ásia. Por isso, acredita-se que o vírus que está circulando tenha vindo de áreas como a Polinésia Francesa e o sudoeste asiático.

As suspeitas de parte dos pesquisadores recaem sobre dois torneios esportivos. Artigo científico assinado por pesquisadores da Polinésia Francesa sugere que o zika aportou no Rio de Janeiro com participantes do Va'a World Sprint, campeonato mundial de canoagem realizado em agosto de 2014.

Participaram da competição, realizada na lagoa Rodrigo de Freitas, atletas de quatro áreas do Pacífico - Polinésia Francesa, Nova Caledônia, Ilhas Cook e Ilha de Páscoa, que pertence ao Chile. Outro estudo aponta a possibilidade de o zika ter vindo para cá com o fluxo de turistas da Copa do Mundo.

De acordo com artigo assinado pelo pesquisador brasileiro Dennis Fujita, do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, durante o mundial de futebol, entraram diretamente na Bahia 129 asiáticos vindos de locais onde havia circulação do vírus no continente (o número não considera países como China, Japão, Coreia e Israel).

Para o virologista da USP Paolo Zannoto é preciso investigar mais. "Nós ainda estamos tentando mapear o chamado caso zero. Essa hipótese do campeonato no Rio pode não ser a correta, porque o epicentro da doença está no Nordeste", afirma o cientista, que estuda o zika. No momento, a equipe da USP está rastreando amostras de sangue da epidemia de dengue de 2013 para saber se o zika já estava presente.