Câmara dos Deputados dá aval a impedimento de Dilma Rousseff

A votação em plenário terminou com 367 votos favoráveis e 137 contrários; sessão durou quase dez horas

Escrito por Redação ,
Legenda: O 342º voto em favor do impedimento, atingindo a barreira de 2/3 da Casa necessários para a aprovação, foi dado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), quando houve comemoração da oposição à presidente da República
Foto: Foto: Agência Câmara

Brasília. A Câmara dos Deputados aprovou, na noite de ontem, a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). O 342º voto em favor do impedimento, atingindo a barreira de 2/3 da Casa necessários para a aprovação, foi dado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). Os debates haviam começado às 8h55 da última sexta-feira (15).

A presidente, atingida pela queda de popularidade em razão da crise econômica e das investigações da Operação Lava-Jato, ainda não será afastada do cargo, no entanto. Para que isso ocorra, a decisão dos deputados tem de ser referendada pelo Senado por maioria simples, cuja votação deve ocorrer no início do mês de maio.

Com isso, Dilma se une a Fernando Collor (PTC) no rol de mandatários que tiveram o impeachment aberto pela Casa após a redemocratização do Brasil - o senador alagoano acabou renunciando antes do julgamento que lhe cassou direitos políticos. Em 1999, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) escapou da abertura de processo após vencer recurso em plenário contra o arquivamento de pedido do PT.

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Dilma e seu mentor político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passaram os últimos dias em um verdadeiro cabo de guerra para tentar esvaziar a vantagem de votos voto pró-impeachment. O Palácio do Planalto vinha perdendo força desde a saída do PMDB, do vice-presidente Michel Temer, de sua base no mês passado, em um movimento tumultuado, já que vários ministros do partido resistiram a deixar os cargos no governo.

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Na semana passada, o processo ganhou ímpeto com a aprovação em comissão especial do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que pedia o impeachment devido às chamadas "pedaladas fiscais" e à abertura de créditos extraordinários sem autorização do Legislativo.

Os críticos do impeachment consideram que os motivos não configuram crime de responsabilidade, figura estabelecida em lei para justificar o processo. As pedaladas foram manobras fiscais que utilizaram recursos de bancos de forma indevida - o custo para quitá-las, pago no fim de 2015, foi de R$ 72,4 bilhões.

Negociações

Na sequência, os partidos médios com que Lula e o governo contavam para ocupar o espaço do PMDB na administração em troca dos votos em favor de Dilma também abandonaram o barco. O PP foi o primeiro, seguido pelo PSD e pela maioria do PR.

A partir de sexta (15), Lula comandou uma última ofensiva, e obteve alguns sucessos em negociar a abstenção de deputados. No sábado (16), o "Diário Oficial" rodou em edição extra com nomeações para cargos de segundo escalão. Do lado de Temer, houve intensa movimentação. Apesar de registrar defecções, o comando peemedebista contabilizava até 370 votos em favor do impeachment no sábado, número semelhante ao apurado pelo mapa do PSDB e de outras siglas de oposição.

A movimentação foi frenética, com boatos de todo tipo na praça: uma feijoada na casa do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), reunindo ministros e governistas, chegou a comemorar o que seria a virada para o governo. Só que a romaria rumo ao Palácio do Jaburu, residência do vice, se tornou intensa, e a suposta onda pró-Dilma quebrou na praia.

Não funcionou para o PT. Na Câmara, o Planalto perdeu votos que tinha como certos contra o impedimento de Dilma, inclusive do PDT, que fechou questão para ficar do lado do governo. Agora, o Planalto buscará votos no Senado, além do apoio do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que vinha apoiando Dilma à distância.

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