Brasileiro deve ser executado no domingo

Governo brasileiro correu contra o relógio para tentar conseguir que Marco Archer obtivesse clemência

Escrito por Redação ,
Legenda: Marco Archer Cardoso Moreira, preso há 11 anos, é carioca, tem 53 anos e trabalhava como instrutor de voo livre
Foto: Foto: tuno vieira / reprodução da web

Brasília. O governo indonésio vai executar no domingo (18) o brasileiro Marco Archer Moreira, 53 anos, preso no país em 2003, acusado de tráfico de drogas. O instrutor de voo livre foi condenado à pena de morte em 2004 após tentar entrar na Indonésia com 13,4 kg de cocaína escondidos em tubos de uma asa-delta. Desde então, apesar dos pedidos de clemência do governo brasileiro, tanto nos mandatos de Lula quanto no de Dilma, não conseguiu alterar a pena.

Na quarta-feira o brasileiro foi transferido da prisão de Pasir Putih para a prisão de Besi, ambas na Ilha de Nusa Kambangan, onde ficará isolado até o fuzilamento, que será feito por doze homens. Segundo amigos, uma tia de Marco viajou também na quarta-feira à Indonésia para visitar o sobrinho. Se a sentença for cumprida, Marco será o primeiro brasileiro a ser executado em um país estrangeiro.

"Comunicamos aos condenados três dias antes da execução. Primeiro, para que eles possam se preparar psicologicamente e, segundo, para que possamos ouvir seus últimos desejos", afirmou o procurador-geral da Indonésia, M. Prasetyo, ao jornal Jakarta Post.

Tentativas

Segundo integrantes do governo brasileiro, a presidente Dilma Rousseff (PT) continuará tentando um contato com o presidente da Indonésia, Joko Widodo. Oficialmente, o Palácio do Planalto não se pronunciou, entretanto, o Itamaraty divulgou nota informando que "o governo brasileiro continua mobilizado, acompanhando estreitamente o caso e avalia todas as possibilidades de ação ainda abertas", mas não forneceu detalhes.

Na última terça, Marco falou com o amigo Marcos Prado por telefone. O cineasta, que prepara um documentário sobre o caso, gravou a ligação: "Eu me encontro no corredor da morte, o meu nome está na lista desses doze primeiros que serão executados. Não dá para explicar o que estou passando nesse momento. É muito difícil", disse.

Desde 1998, pelo menos seis pessoas foram executadas no país por crimes de narcotráfico.

O professor de direito internacional da FGV, Michael Mohallem, acredita que, embora no campo jurídico, as possibilidades de evitar a morte tenham se esgotado, o quadro ainda pode ser revertido a partir do presidente indonésio. "Quando há pena para um estrangeiro que vem de um país onde não há pena de morte, existe um constrangimento maior de aplicar a sentença".

A Anistia internacional lançou ontem uma "Ação Urgente" pedindo a suas seções no mundo que pressionem o governo da Indonésia para cancelar as execuções do fim de semana.