Atirador cometeu suicídio, diz laudo

Escrito por Redação ,
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A Justiça pretende esclarecer se houve participação direta ou indireta de outras pessoas no ataque

Rio de Janeiro. O Instituto Médico Legal divulgou, ontem, o laudo cadavérico de Wellington Menezes de Oliveira. Segundo o documento, o assassino sofreu lesões no crânio provocadas por um tiro na têmpora direita. Isso comprova que ele se suicidou, conforme relato feito pelo policial militar Márcio Alexandre Alves no dia do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro.

"Uma das características que indicam que houve suicídio foi o tiro encostado na têmpora. Mas o confronto balístico ainda será finalizado", informou o IML.

O laudo descreve lesões provocadas por arma de fogo "no crânio (têmpora direita) e abdômen com lesão de encéfalo, fígado e rim direito". A chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, determinou que os laudos cadavéricos não fossem divulgados, "para poupar os familiares das crianças".

Sigilo

A juíza Alessandra de Araújo Bilac de Moreira Pinto, da 42ª Vara Criminal do Rio, autorizou ontem a quebra do sigilo eletrônico de Wellington. O pedido partiu da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), e pretende esclarecer se houve participação direta ou indireta de outras pessoas no ataque.

Na última segunda-feira, após autorização judicial, a Polícia iniciou a análise de e-mails recebidos e enviados pelo atirador, além de suas conversas por bate-papo na internet. A decisão de ontem atinge os registros do atirador no Google.

Promoção

Os três policiais militares que entraram na escola e interromperam a chacina no último dia 7 foram promovidos ontem, por bravura, no Quartel-General da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Um dos policiais atirou em Wellington, que já havia baleado dezenas de alunos, e impediu que o atirador continuasse o massacre.

O terceiro-sargento Marcio Alves foi promovido a segundo-sargento, enquanto os cabos Denilson Francisco de Paula e Edinei Feliciano da Silva tornaram-se terceiros-sargentos. O sargento Alves lembrou as 12 crianças mortas e as que ficaram feridas.

"Eu preferia que as crianças estivessem vivas e eu não estivesse recebendo essa homenagem. Vou continuar meu trabalho nas ruas, que já venho fazendo há 18 anos. Vou continuar me dedicando 100% a essa profissão´´, disse.

Segundo o sargento, antes do massacre na escola, havia pelo menos seis anos que ele não disparava sua arma em serviço. "Nesse tempo, só atirei em treinamento", afirmou Alves, que era terceiro-sargento há quatro anos. Edinei Feliciano da Silva já está na Polícia há 12 anos e os últimos três anos e meio como cabo. Já Denilson Francisco de Paula, que era cabo há apenas um ano, já está na Polícia Militar há nove anos.

A cerimônia de promoção por bravura dos PMs contou com a presença do presidente da República em exercício, Michel Temer, além do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes.


VÍTIMAS

Ainda há seis internados

Rio de Janeiro O boletim da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil informou que seis alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira ainda permaneciam internados ontem. Na segunda-feira (11), quatro voltaram para casa. Os adolescentes ainda internados são: J.O.S., 14 anos; L.V.S.F., 13; T.T.M., 13; E.C.A.A., 14; D.D.V., 12; e L.G.C., 13.

Volta às aulas

As aulas na escola Tasso da Silveira voltarão de forma progressiva. O processo deverá levar três semanas, de acordo com a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin.

A retomada começa na próxima segunda-feira, com alunos e familiares participando de um projeto de transformação visual do colégio. Aos poucos, as turmas voltarão a se reunir nas salas, para atividades recreativas voltadas para a reintegração das crianças.

Doze buquês de flores vão simbolizar as crianças mortas no massacre, em uma missa que acontecerá hoje, em frente à escola Tasso de Silveira.

A homenagem começará às 9h, na rua General Bernardino de Matos, em Realengo. A celebração será presidida pelo arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta e terá a presença de bispos auxiliares e padres da região.

Alguns adolescentes que sobreviveram ao ataque vão participar da cerimônia. Ao final da missa, será lida uma mensagem por todas as vítimas.


RAZÕES DO CRIME

Em vídeo, assassino fala dos motivos para o ataque

Rio de Janeiro. Em dois vídeos gravados antes de assassinar 12 crianças em uma escola no Realengo, no Rio de Janeiro, Wellington Menezes de Oliveira fala sobre as razões para atacar os estudantes. As imagens que teriam sido feitas supostamente dois dias antes do massacre foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.

Nas imagens, Wellington tem a mesma fisionomia e está no mesmo local de uma foto usada em um perfil atribuído a ele no site de relacionamentos Orkut. Wellington fala de maneira confusa sobre os supostos motivos do crime e culpa pessoas que chama de "covardes" pelo ato que cometeu.

"A luta pela qual muitos irmãos no passado morreram, e eu morrerei, não é exclusivamente pelo que é conhecido como bullying. A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem", afirma.

Na segunda parte do vídeo, o assassino dá detalhes do longo planejamento da ação e diz porque tirou a barba de forma premeditada. O atirador também diz que esteve na escola dois dias antes do massacre.

Foi noticiada a possibilidade de Wellington Menezes ter tido ajuda de outras pessoas no massacre, mas a Polícia descartou essa hipótese.