Após se entregar, João de Deus tenta conseguir um habeas corpus

Alvo de mais de 330 denúncias de abuso sexual, médium fica em cela individual devido à idade (76 anos)

Escrito por Redação ,

Após se entregar à Polícia, na tarde deste domingo (16), o médium João Teixeira de Faria, 76 anos, o João de Deus, começou a cumprir prisão preventiva, no Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia (GO), enquanto sua defesa apresentou um pedido de habeas corpus para suspender o encarceramento em troca de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica. Em virtude da idade e dos crimes pelos quais é acusado, o médium foi lotado em uma cela individual.

O Ministério Público recebeu mais de 330 denúncias de abuso sexual contra João de Deus desde a revelação dos primeiros casos. A investigação vai se concentrar em 15 casos, informou o delegado André Fernandes. Caso se aponte para a participação de funcionários da Casa Dom Inácio de Loyola nos supostos crimes, essas pessoas também serão alvos do inquérito, afirmou a autoridade policial.

O encontro dele com a Polícia ocorreu na encruzilhada de uma estrada de terra no município de Abadiânia, às margens da BR-060. A negociação foi feita entre o advogado de João de Deus, Alberto Toron, e o delegado. A Polícia chegou em três carros. O médium, que estava num sítio, compareceu no veículo de um de seus advogados. 

Minutos antes de se entregar, ele chegou a passar mal. Trêmulo, pediu aos defensores para tomar um remédio sublingual. Ele é cardíaco. Antes de ser levado à unidade prisional, ele foi interrogado sobre as acusações e encaminhado ao Instituto Médico Legal para exame de corpo de delito.

O criminalista Alberto Toron, que representa o médium, negou movimentações suspeitas de R$ 35 milhões na conta e aplicações financeiras e afirmou que seu cliente não planejava deixar o País.

“O dinheiro não foi sacado, o senhor João de Deus apenas baixou as aplicações. Não houve movimentação. Ele não sacou o dinheiro do banco e não estava fora do Estado”, afirmou Toron. 

O criminalista disse encarar com “estranheza” o fato de denúncias de supostos crimes cometidos há 30 anos terem voltado à tona agora. “À medida em que os fatos forem sendo apurados, as pessoas sendo ouvidas, vamos poder ver se são aproveitadores”, disse, ao citar uma holandesa que denunciou João de Deus e que, segundo o criminalista, tem um passado “mais que duvidoso”. 

“Se fere de forma tão grave, como mulheres voltaram (ao Centro Dom Inácio Loyola, onde foram cometidos os supostos crimes) cinco vezes, oito vezes?”, questionou.

As acusações vieram dos Estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão, e pelo menos seis países - Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.