Acirramento entre Ciro e Bolsonaro marca evento

Enquanto o ex-ministro defendeu tributar os mais ricos, o deputado do PSL descartou criar imposto sobre fortunas

Escrito por Redação ,
Legenda: Ciro Gomes (esq.) e Jair Bolsonaro (dir.) assumiram posições opostas em evento, discordando de temas econômicos como projeto de tributar heranças
Foto: Fotos: AFP

Brasília. O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, partiu para cima de Jair Bolsonaro (PSL) ontem, em sabatina do jornal "Correio Braziliense" com presidenciáveis.

Quando falava sobre tributação, Ciro criticou a resposta dada por Bolsonaro sobre o assunto, em entrevista dada no mesmo dia. De acordo com Ciro, o Brasil precisa ter uma tributação mais progressiva sobre herança e renda e é preciso "diminuir a incidência de impostos sobre a classe média".

"O líder nas pesquisas disse que não vai tributar herança, nada. Então, de onde virá o dinheiro? Vão entregar o cargo a um boçal, a um despreparado? Os democratas têm obrigação de chamá-lo de boçal e despreparado. E os democratas tem obrigação de extirpar esse câncer enquanto ainda pode ser extirpado", atacou Ciro.

Bolsonaro, por sua vez, se posicionou contra a criação de mais tributos para a classe alta e o empresariado. "A minha opinião é de não ter imposto sobre grandes fortunas nem de herança e nem tributar mais ainda essa área (lucros de grandes empresas)", disse. Em resposta a pergunta sobre "uma desigualdade" entre os mais ricos e os mais pobres na questão tributária, Bolsonaro foi incisivo nas críticas ao que considerou excessivo. "Se depender de mim, ninguém vai ser mais tributado, senão vai quebrar o Brasil".

Ao comentar sobre a greve dos caminhoneiros, Bolsonaro criticou a ausência dos governadores no debate, especialmente quanto a ações para reduzir o ICMS dos combustíveis. Ele disse que o ICMS hoje é um "estupro". "É preciso discutir a redução do ICMS", concluiu.

Já a pré-candidata Marina Silva (Rede) se posicionou contra a privatização da Petrobras e dos bancos oficiais Caixa e Banco do Brasil. Sobre a Eletrobras, a pré-candidata não expressou especificamente ser contra a venda da estatal, mas questionou o processo de privatização da empresa que vem sendo feito pelo governo. "A gente não vende a joia da família para jantar fora", disse.

Por sua vez, o pré-candidato pelo Podemos, o senador Álvaro Dias (PR), afirmou que a reforma da Previdência é "essencial", assim como a tributária. Ele defendeu a discussão de mudanças, como uma nova política de idade mínima para aposentadoria, baseada na discussão do direto comparado com outros países. "A arrumação das contas públicas vai ser o desafio mais urgente do próximo presidente".

Outros postulantes

Após sinalizar que poderia abrir mão de sua postulação, Manuela D'Ávila (PCdoB) disse que a tendência no campo da esquerda é a pulverização em quatro nomes. "Exaurimos os nossos gestos", disse.

Pré-candidato do Solidariedade, o ex-ministro Aldo Rebelo afirmou que as mazelas pelas quais o País passa neste momento têm uma "matriz", a falta de crescimento econômico, e que um plano para superar a crise econômica deve ser a prioridade dos presidenciáveis.

Pré-candidato pelo MDB, o ex-ministro Henrique Meirelles afirmou que o fato de ter participado do governo do presidente Michel Temer (MDB) não atrapalha sua candidatura. Isso porque, segundo ele, os eleitores estão olhando a trajetória e o histórico dos candidatos.

Geraldo Alckmin (PSDB) não havia participado da sabatina até a conclusão desta edição. Mais cedo, ele negou que esteja em momento de desgaste dentro do partido. Participaram ainda do evento Flávio Rocha (PRB), Afif Domingos (PSB) e Rodrigo Maia (DEM).