Tudo muda com o tempo

Tudo muda com o tempo ou o tempo tudo muda. Pensamentos, pessoas, cidades, histórias – tudo está sujeito à ação do tempo. É como aquele ditado: tanto faz dar na cabeça, como na cabeça dar.

Quantas pessoas mudam, ao longo do tempo, com os sofrimentos advindos do ato de viver. Quantos ateus abraçam a fé, e outros a deixam, movidos por razões várias. Quantos sectários amainam a forma de pensar e se abrem ao diálogo construtivo. Quantos erraram na mocidade e se corrigiram dos vícios de ontem. Quantos heróis, tidos e havidos como tal, não caíram dos pedestais de bronze e de mármore para o rés do chão da memória. Quantos fatos da história estão sendo reescritos, pois os vencedores sempre contam a sua versão, e os perdedores não têm voz. 

Ai de nós, se o tempo não fosse esse cadinho das mudanças, e tudo permanecesse imutável ao longo de toda existência. Mas tudo muda: as estações, as formas de pensar, de vestir, as normas do Direito, as interpretações dos tribunais. Só a morte não muda. Só a morte permanece imutável, a ponto de afirmar-se: só não há remédio para a morte. Daí a vida ser tão importante, tão valiosa, embora hoje seja rudemente atacada pela sua rival. A morte não só do corpo, mas a morte do sonho, do pensar um mundo diferente, com lugar para todos, com luz e calor, em vez de escuridão e frio. 

Um mundo perpassado pela Arte e pela Beleza, pela criatividade do Espírito e não só movido a interesses materiais, muitos deles escusos. O bebê se torna criança, cresce e se faz adolescente, o adolescente adulto, o adulto atinge a maturidade e, depois, conhece a velhice, isto em termos biológicos. Mas podemos continuar sendo crianças, jovens, alegres, trazendo embora os cabelos brancos e rugas no rosto. Este o segredo da vida - o drible no próprio tempo, capaz de tudo mudar, menos a capacidade de sonhar e de amar.


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