Trânsito mais seguro

Ótimos resultados vêm sendo colhidos a partir do plano de redução do limite de velocidade em vias nevrálgicas de Fortaleza. Mesmo com a resistência às mudanças, as estatísticas evidenciam a eficácia do método, o qual está gradativamente tornando o trânsito da cidade mais seguro.

Conforme levantamento da Bloomberg Philanthropies, instituição estadunidense parceira da Prefeitura na elaboração de políticas para o trânsito, chega a 50% a queda no número de acidentes envolvendo carros, motocicletas e pedestres, a depender do local. Os dados são preliminares e precisa ser observado se eles serão mantidos, mas revelam, desde já, uma tendência animadora.

Não obstante a polêmica que eclodiu quando os novos limites foram anunciados - reação que também ocorrera em outras capitais brasileiras que passaram por processos semelhantes -, estudos técnicos internacionais endossam as medidas tomadas em Fortaleza. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a margem máxima de 50 Km/h em vias urbanas. A diminuição para 50 Km/h parece sutil, mas na verdade, imprime efeitos significativos, uma vez que, a 60 Km/h, estudos atestam que há maior chance de letalidade em caso de acidente.

De acordo com a OMS, um pedestre tem menos de 20% de probabilidade de morrer caso seja atropelado por um carro cuja velocidade é inferior a 50 Km/h. Trata-se de um patamar que permite tempo de frenagem suficiente para salvar vidas. Se um veículo está a 80 km/h, por exemplo, as chances de óbito sobem para quase 60%, ainda segundo a OMS.

Portanto, de maneira progressiva, o trânsito de Fortaleza está se adaptando aos parâmetros mundiais de segurança. Desde as mudanças, na Avenida Engenheiro Santana Júnior, foi registrado o maior percentual de retração de acidentes: 50%. Na Avenida Beira-Mar, a queda apurada também foi consistente, de 45%, mesmo percentual registrado na Avenida Monsenhor Tabosa. No caso da Avenida Leste Oeste, os atropelamentos caíram 63%.

Diante do sucesso inicial, é presumível que mais ações similares sejam efetuadas, uma vez que haverá sempre aspectos a serem melhorados no trânsito de uma metrópole. A velocidade não é o único fator preponderante na segurança viária. No que compete à atribuição dos gestores, muito tem sido feito nos últimos anos para modernizar o trânsito da Capital. Houve aumento expressivo na implantação de faixas exclusivas para bicicletas, uma medida de segurança importante para os ciclistas; as faixas destinadas aos ônibus também foram ampliadas; bem como se deu a criação das Áreas de Trânsito Calmo, as quais priorizam a circulação de pedestres. Entretanto, principalmente na periferia, persistem problemas estruturais, como a falta de sinalização e a condição precária de algumas vias por onde passam veículos motorizados, bicicletas e pedestres.

Já no que diz respeito à responsabilidade dos atores que compõem o trânsito, igualmente existem questões que precisam evoluir. Devem ser prioritários o respeito e a atenção a todos os que se deslocam, em especial aos que são mais vulneráveis a incidentes, qual pedestres e ciclistas. A observância às leis de trânsito também é essencial para harmonizar as relações diárias de transporte.

Com a influência de experiências e os investimentos que visam a aperfeiçoar o trânsito, Fortaleza está no caminho correto para a adequação a um formato de tráfego que privilegia a vida e o bem-estar dos indivíduos.