Tragédias recorrentes

Ainda menino, este articulista já costumava acompanhar, com interesse, as notícias na televisão. E recordo-me bem da intensa cobertura do desmoronamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, em novembro de 1971, matando 26 pessoas e ferindo outras 22. Foi a primeira vez que fui apresentado à dura realidade das tragédias no Brasil. Tragédias que, como esses ainda recentes rompimentos de barragens de rejeitos em Minas Gerais, têm feito parte da nossa história. Em fevereiro de 1972, o incêndio do Edifício Andraus, em São Paulo, matou 16 pessoas, e um drama ainda maior aconteceria em 1974, quando o Edifício Joelma, na mesma cidade, também incendiou, vitimando 187. De lá para cá, cresci registrando os fatos tristes que se seguiram àqueles e que hoje continuam a marcar os telejornais. Além da violência impiedosa que elimina gente de bem, todos os dias, incluindo-se aí os calamitosos números do trânsito brasileiro, não faltaram, ao longo de todo este tempo, desastres dos mais diversos tipos. Plataformas de petróleo naufragaram, outros edifícios incendiaram ou até desabaram, rios foram poluídos, viadutos ruíram e até museus viraram montes de cinzas!

O Brasil parece ter uma crônica vocação para a recorrência de tragédias. Não as temos pela força da natureza, exceto em decorrência das secas ou enchentes que se alternam, aqui e ali. Não temos sismos, maremotos ou erupções vulcânicas, como outras nações menos afortunadas. Impressiona-nos o fato de como não aprendemos as lições após tantos dramas! É como se predestinados estivéssemos ao sofrimento, à inevitabilidade das más notícias. Porém, o que nos falta mesmo é responsabilidade, prudência, cuidado, fiscalização séria, no dia a dia dos brasileiros. Manutenção preventiva, orientação e investimentos corretos, combate à corrupção. Quando tivermos ou atingirmos tal consciência, poderemos evitar muitos dramas neste País.


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