Tragédia no Edifício Andrea: terça-feira cinzenta

Era pouco antes do meio-dia quando rompi os limites do Sistema Verdes Mares rumo à rua Tibúrcio Cavalcante. Àquela altura, a notícia do desabamento de um prédio de sete andares já ultrapassara as fronteiras da capital cearense e se propagava Brasil afora. Ao chegar ao local do acidente, fui consumido por um turbilhão de sentimentos que, em ebulição dentro de mim, resultaram em uma paralisia momentânea.

O cenário era de dor, aflição e esperança. "André, recomponha-se", bradou meu subconsciente. Ao longo de oito anos de jornalismo, muitas foram as coberturas difíceis em que trabalhei. Esta, porém, tinha algo diferente. De um lado da rua um garotinho chorava de felicidade por ter encontrado o pai com vida.

Do outro, uma mulher derramava lágrimas por não ter notícias de seu esposo. Reações semelhantes para sentimentos distintos. Mesmo diante desta tragédia, era preciso retidão para desempenhar o papel de jornalista.

Assim o fiz. Mas, nesse dia, especialmente ontem, foi diferente. A mente estava dividida entre apurar as informações e torcer para que todas as pessoas fossem resgatadas com vida.

André Costa
Repórter