Torcer pelo pior

A humanidade está sempre em crise. Talvez seja do âmago da espécie humana, inerente ao que somos. Seres em crise, caminhando em direção a um precipício sem fim. Conscientes dos nossos passos, mas estabilizados em nossas ações, navegando em círculos. Culpando os outros e esquecendo que, em nossas mãos, carregamos tantas violações de forma indireta, pois somos coniventes, inclusive, quando nos abstemos de tomar uma atitude.

O mundo vai mal. E sim, tende a piorar. Somos culpados sim, pelo o que o mundo atravessa. Somos culpados por sabermos o que tem acontecido e não tomarmos partido. Temos culpa por deixar como legado às gerações futuras a nossa incompetência de sabermos o que é errado e não fazermos nada.

As áreas de preservação ambiental estão cada vez mais reduzidas às mínguas, exauridas pelo “progresso”, pela mentalidade doentia daqueles que administram o país e encaram a natureza como um câncer. Nosso futuro, cada vez mais nebuloso, tal qual a nuvem tóxica que paira em pleno dia e sufoca a luz.

Somos falhos e não queremos reconhecer. Frágeis, mas nos recobrimos com uma máscara que não deveria estar ali. Somos falíveis, mas erguemos a cabeça, com um orgulho besta, e seguimos em frente. E, o pior, estamos muitas vezes errados e não nos permitimos a olhar no espelho e dizer: “errei, preciso melhorar” e, por fim, realmente melhorar e não ficar apenas no discurso vazio.

Estamos num momento crítico, por nossa escolha, por nossa conivência, por culparmos sempre a crise. Vamos sofrer sim, e espero ansioso por isso – não porque torço pelo pior, mas é que acreditar no melhor do ser humano se tornou uma utopia. Torço pelo pior, pois é só quando não houver mais água, mais ar puro, mais qualidade de vida, que realmente vamos tomar uma atitude. É preciso sentir na pele para se mudar algo. A dor ensina, tomara que não seja tarde demais.


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