Sociedade: a família também educa

Ao observarmos os processos históricos da educação brasileira, compreenderemos alguns encaminhamentos educacionais e “sociais” que se conservam até hoje. Um exemplo é a relação estabelecida entre escola e sociedade. Sim, essa relação persevera desde o surgimento da escola em solo brasileiro, caminhando conforme os interesses não somente políticos e econômicos, mas, igualmente, pelo cenário social.

No presente, nos deparamos com o discurso frenético de que a escola precisa trazer a família para adentrar os portões escolares e, na mesma perspectiva, a família deve aproximar-se da instituição escolar. De fato, essa relação na prática configura-se um tanto quanto desgastada. É “quase” pedido de socorro, da maior parte dos docentes que atuam na educação básica: “Famílias, eduquem suas proles!”.

Essa situação quase que insustentável se dá pela inversão de valores estabelecidos pela própria sociedade que, equivocadamente, atribuiu para a escola a principal função de educar, indo além das questões cognitivas, de ensino e aprendizagem. Para tanto, a escola se respalda legalmente em diversos contextos, um deles é a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº 9394/1996 LDBEN, que apresenta em seu segundo artigo a partilha no ato de educar as crianças e jovens brasileiros, estabelecendo assim um significativo tripé envolvendo o Estado, a família e a sociedade.

Tal situação nos permite uma reflexão sobre como estamos educando nossos filhos e transferindo a eles valores que, nem sempre, se adequam às necessidades sociais contemporâneas. A escola por sua vez, precisa compreender situações que vão muito além de diplomas docentes, livros didáticos ou planejamentos e metodologias. Precisa desenvolver seu olhar humano e docente de fato, a fim de identificar a realidade, a sociedade e o núcleo familiar de seu aluno, para contribuir na formação integral desse cidadão.


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