Selic de 6,5% a 8,0% ao ano, e agora investidor?

Muitos vêm se fazendo esta pergunta com a queda da Selic para 1 dígito nos últimos 2 anos e mantida na última reunião do Copom, menor patamar desde o início da série histórica e que deve se manter entre 6,5% e 8,0% nos próximos anos, conforme Boletim Focus do Banco Central.

E o que isso quer dizer, o investidor vai ganhar menos? Sabendo que a rentabilidade de uma aplicação atrelada ao CDI caiu mais da metade de 2016 para 2018, investimentos atrelados ao CDI não valem mais a pena? Neste momento, a maioria dos investidores estão na busca por alternativas, mas sem saber onde ou como.

O CDI também representa risco. Imaginemos um cenário em que a inflação irá acelerar para além do CDI, corroendo todo seu ganho, esta situação já justificaria a diversificação, pelo menos adicionando títulos atrelados ao IPCA (como as NTN-Bs). Diversificação em mais classes faz sentido, ajudando a diminuir os riscos, afinal, os "conservadores" do passado não eram tão conservadores assim, estar numa estratégia única poderia trazer maior previsibilidade de remuneração, mas não equilíbrio na carteira.

Em suma, o investidor terá de se acostumar a uma remuneração menor ou, para aumentar a rentabilidade vai ter que ampliar o risco. Sendo assim, os próximos anos serão vitais para que este novo momento ajude a trazer uma mudança no perfil do investidor brasileiro, que tende a sair "da bolsa CDI" para investir em outros ativos.

Mas ainda assim fica a pergunta. Como sair da segurança de saber aproximadamente quanto vai ganhar, como nos CDBs, para uma maior incerteza com maior possibilidade de aumentar a rentabilidade, mas correndo o risco de que não aconteça o esperado no curto prazo, e em alguns casos podendo ter efeitos negativos momentâneos ou duradouros?

Não existe uma única resposta, porém o caminho mais consistente começa em primeiro saber qual seu perfil de investidor, segundo saber o que se pretende com o recurso no curto, médio e longo prazos, por fim, estudar os produtos ofertados pelo mercado, entendendo suas características de liquidez e riscos.

Mas para cumprir estes passos, para quem não tem proximidade com o mercado financeiro, o ideal é ter um assessor de investimentos. Hoje, existem diversos profissionais que prestam este serviço, seja através das instituições financeiras, sejam prestadores de serviços autônomos (Agente Autônomo de Investimento), ou até aquele seu amigo que já atue na área.

Com esta mudança, será que teremos uma massa de investidores traumatizados como em 2008? Para relembrar, período pré-crise, momento em que a Bolsa crescia muito e muitos investidores colocaram parte ou todas suas economias na bolsa de valores e acabaram amargando perdas relevantes. E agora, como não formar mais outra massa de investidores traumatizados?

Primeiro, pedir ajuda profissional. Segundo fazer mudanças de forma gradual, aumentando a exposição a risco gradativamente. Terceiro, ser consistente nas posições e decisões, volatilidade é para o mercado, não para nossas decisões.

Em qualquer serviço existem bons profissionais e outros pouco preparados, além da possível pressão por metas, bônus, remuneração ou pelo próprio investidor e acabam trazendo maior volatilidade e/ou risco para a carteira com suas orientações, sem que este investidor esteja preparado. O papel deste profissional é muito importante, pois suas orientações podem transformar uma leva de investidores tensos e perdidos, em investidores mais preparados para o futuro.

Exemplificando, em maio de 2017, após a delação citando o presidente, a volatilidade do mercado durante um único dia foi totalmente incomum. Tal fato trouxe perdas em algumas carteiras de mais de 10% num único dia, assim pergunto: você teria resiliência para continuar posicionado ou reconheceria o prejuízo? A resposta ajuda a definir bem seu perfil de investidor, pois ambas as decisões são difíceis.

Uma maior exposição a risco para melhorar a rentabilidade é um fato, então investidor, calma, estude, se envolva, busque um bom assessor e acompanhe sua carteira, afinal, só você tem a ganhar ou perder. E aos assessores financeiros para investimentos, cuidem bem dos seus clientes para que tenham longa vida como investidores, isto trará mais equilíbrio aos seus resultados.


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