Saúde e responsabilidade

O País já soma neste semestre quase 5 mil registros de sarampo. As ocorrências estão verificadas em 19 estados, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde. Outra nota especialmente preocupante é a de que o Ceará passou a integrar a lista de estados com transmissão ativa da doença. O Ministério da Saúde indica também que há cerca de 22 mil casos sendo investigados, com quatro mortes - três de crianças com menos de um ano de idade e a outra de um homem de 42 anos.

A isso se agregam os dados de 2018, quando se confirmaram 10.330 casos de sarampo no Brasil, com a anotação de 12 óbitos.

Tendo em vista que a moléstia é grave, altamente contagiosa e capaz de provocar sequelas irreparáveis, vindo agora a recrudescer após ter sido, em 2016, considerada - com justa efusividade - erradicada no Brasil, é devido reconhecer que estabeleceu-se uma crise, um panorama de alto risco. Entre as consequências possíveis do sarampo também estão a cegueira, a surdez, a diminuição da capacidade mental e o retardo do crescimento. O nível do comprometimento das gerações é absoluto, portanto.

Diante disso, deve-se deduzir que a responsabilidade dos pais e responsáveis em referência a essa situação, assim como a de educadores, é das mais intensas. Não apenas pela saúde imediata das crianças, mas pela movimentação da economia, pela capacidade de atração de turistas do exterior e, principalmente, pelo direito que todos no País têm à qualidade sanitária e, claro, à vida e ao futuro.

Não há tempo a perder.

E é também frente a esse quadro que se faz necessário repudiar qualquer movimento contrário à vacinação - o que, embora pareça absurdo, existe e ganha adeptos por meio de redes sociais na Internet. As chamadas "fake news" são os motores da irresponsabilidade e do crime. Atribui-se à resistência de pais desinformados por boatos e preconceitos, por exemplo, o ressurgimento do sarampo nos Estados Unidos - País insuspeito quando o assunto são políticas públicas de saúde.

Ainda em junho último, o Ministério da Saúde admitiu haver também alto risco de retorno da poliomielite em, pelo menos, 312 cidades brasileiras - o que representa cerca de 7% de todos os municípios do País, um índice assustador. A doença era considerada erradicada no continente desde 1994, após décadas provocando milhares de casos de paralisia infantil.

O dia de mobilização nacional, considerado o "Dia D", será neste sábado, 19 de outubro. É um marco estratégico, que vai muito além de conteúdos políticos e partidários. Até o próximo dia 25, segue a primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação, voltada para crianças de seis meses a menores de cinco anos de idade. Serão ministradas doses da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.

A segunda fase já está marcada para começar em 18 de novembro, continuando até 30. O alvo será a população de 20 a 29 anos de idade. É nessa faixa que está concentrada a maior frequência dos casos.

É algo que se projeta como decisivo, então. E, sem meias palavras, é um momento vital.