Recuperar o litoral oeste

Duas informações trazem alento aos moradores da faixa atlântica oeste do entorno de Fortaleza: o início efetivo dos trabalhos de construção do "barra-mar", na Praia do Icaraí, e o lançamento do projeto de abastecimento de água e de tratamento do esgoto da Praia do Cumbuco. Esses dois balneários representam a espinha dorsal do conjunto de praias já exploradas e em estágio de expansão turística no litoral oeste, com altos investimentos imobiliários.

No Icaraí, o projeto do "barra-mar" vai eliminar, de vez, o processo de destruição de moradias, barracas e vias públicas de ampla faixa da frente marítima. Ele surgiu depois da estabilização do litoral de Iparana, onde as correntes marítimas avançavam sobre os terrenos costeiros, ameaçando solapar a Colônia de Férias dos Comerciários mantida pelo Serviço Social do Comércio. Em Iparana, a contenção evitou o avanço do mar.

Esse fenômeno é antigo. Data dos anos 50 do século passado, como consequência da construção do Porto do Mucuripe e as alterações promovidas nas correntes marinhas. Pelo menos, duas ruas da Praia de Iracema desapareceram, por força do movimento das marés. O surgimento dos espigões distribuídos entre a Avenida Rui Barbosa e a Ponte Metálica evitou que a erosão aumentasse os estragos.

Entretanto, o fenômeno, não estancado, transferiu-se para as Praias de Jacarecanga, do Pirambu e da Barra do Rio Ceará, exigindo para a proteção de seis quilômetros de áreas ocupadas por residências a proteção dos espigões. A partir daí, os reflexos foram se repetir nas Praias de Iparana, Pacheco e Icaraí, com sensíveis prejuízos tanto para o meio ambiente, como para a rede de serviços de bares, restaurantes e o casario de veraneio distribuídos ao longo dessas praias.

O Icaraí teve um expressivo papel no desenvolvimento turístico dessa região. Primeira praia a se tornar um balneário, no entorno de Fortaleza, ela, de repente, desencadeou um crescimento imobiliário sem precedente, estimulando a ocupação ordenada das Praias da Tabuba, do Cumbuco e seus arredores, como a Lagoa do Banana. A receita do IPTU da orla marítima de Caucaia supera a da cidade, sem haver a contrapartida em prestação de serviços eficientes de limpeza urbana, iluminação pública, pavimentação e denominação das ruas.

A construção do "barra-mar" deterá o avanço das ondas e a erosão das praias, com duração projetada para mais de 50 anos. Sua extensão prevista será de seis quilômetros. A primeira etapa, já iniciada, terá 1.370 metros lineares, para cuja construção há o crédito liberado pelo Ministério da Integração Nacional de R$ 7,8 milhões. É importante assegurar recursos para garantir os 4,7 quilômetros restantes, sem os quais o problema não será equacionado.

Quanto ao saneamento do Cumbuco, a providência decorre dos inúmeros empreendimentos turísticos nas áreas próximas à barra do Rio Cauípe, bem assim da concentração de condomínios fechados e de residências de elevado padrão de qualidade. A receita desses serviços de água e esgoto viabilizará a oferta desses benefícios às populações de menor poder aquisitivo residentes na área.