Quando o diálogo é difícil

A Defensoria Pública exerce, em uma de suas funções nucleares, a intermediação do diálogo entre as partes. Seja em um conflito familiar, cível ou até criminal, dar a oportunidade que se resolva – não só o que está posto, mas o que efetivamente magoou ou prejudicou outrem -, é oportunizar que os envolvidos dissolvam a disputa e não sejam envolvidos em uma espiral de litígios intermináveis. 

Não é fácil, entretanto, fazê-lo sozinho. É difícil passar por cima da dor para promover a quebra de um ciclo, muitas vezes não claramente perceptível. 

A intermediação segura através da escuta, empatia, sigilo e promoção do diálogo, alivia corpo, mente e traz a perspectiva de recomeço. Ninguém quer ficar preso a uma situação destrutiva, mas sair dela não é tarefa fácil, principalmente quando o conflito envolve pessoa próxima ou quando o ato de ceder pode ser confundido com derrota. Engana-se quem acredita nos rótulos de vencedores e perdedores. Todos somos derrotados em uma sociedade beligerante. 

Em uma análise ampla, a perpetuação e proliferação de litígios causa desgaste e consequente perda de confiança, necessária para estabelecer novos vínculos, afetivos, profissionais ou comerciais, limitando o desenvolvimento de toda uma coletividade. O investimento, em qualquer setor, sempre deve vir precedido de um estudo de viabilidade, e dificilmente alguém investirá seus sentimentos, tempo ou dinheiro em um ambiente hostil, travado pela litigiosidade. Não existe sociedade próspera que não busque a paz social. 

Ser defensor público é estar sensível a essas situações, buscando a multiplicação de boas práticas, prevenção e resolução efetiva dos conflitos, fazendo a diferença na vida das pessoas que já carregam uma bagagem pesada de adversidades que a vulnerabilidade por si só lhes impõe.


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