Prostiturismo

Jornalista

A televisão mostrou recentemente o problema da prostituição a envolver jovens de menor idade em Fortaleza, com acentuada atuação na orla marítima, notadamente a decantada Beira-Mar. Muitos se disseram envergonhados, como se desconhecessem fato de domínio público, menos as providências.

Estrangeiros chegados a estas plagas, já guiados pela propaganda desairosa formentada por um tipo de turismo nada desejável aos foros de uma cidade civilizada, seriam os responsáveis maiores pela prática do crime, certos de impunidade e do “terra de ninguém”, onde tudo é permitido, porquanto o Brasil é mostrado do exterior pelas obscenidades do carnaval, a liberalidade das mulheres e outras facilidades compradas pelo dólar e pelo euro. Vem assim com alguns punhados desse metal, com o qual pensam comprar a carne de jovens moças, mal entradas na puberdade.

Comissões disso e daquilo já foram abertas para tratar do assunto, à cata de culpados, sem notícia de resultados práticos, isto é, de uma mudança efetiva de situação, porquanto só cadeia para um ou outro preso em flagrante não resolve a questão. Deve ir além...

Sabemos da grave crise social, do desemprego, dos baixos níveis de escolaridade, da pobreza e até da miséria a rondar milhares de lares cearenses e nordestinos. Sabemos o quanto o sistema - a mídia, os valores cultuados, centrados na cultura do ter e não do ser, são distilados diariamente nos meios de comunicação, nos outodoors, nos padrões considerados de sucesso e de vitória “na vida”. A jovem, recém-entrada na adolescência, também tem desejos; também almeja usufruir das coisas consideradas boas e de padrão de sucesso: quer vestir bem, quer freqüentar restaurantes, quer ter o brinco ou o batom tão almejados, ou por outro lado, quer levar o dinheiro para o sustento da casa, dos pais paupérrimos, dos irmãos necessitados, quer enfim ser alguém.

Assim é possível deduzir: o problema da prostituição infanto-juvenil é gerado essencialmente pela grave questão social, pela falta de escola, de emprego, de condições de vida capazes de induzir a comportamentos diferentes.

O governo tem a sua parcela de culpa pela omissão - quando não cria escolas profissionalizantes, quando não impede publicidade perniciosa para atrair turistas para o Brasil; quando não fiscaliza melhor os meios de comunicação, nos seus apelos a padrões de vida irreais e quando permite seja a prostituição mostrada como algo de aceitável.