Pró-educação

Fala-se muito em métodos de educação, estando os mestres sempre à procura de aperfeiçoar o aprendizado didático e dar-lhe maior eficácia. Mas as inovações, salvo melhor juízo, vêm restringindo-se ao aspecto formal, a exemplo dessa mudança de cursos primário, ginasial e científico para cursos infantil, fundamental e médio. Também não tem sido satisfatório o uso da pesquisa, visto como, muitas vezes, o aluno simplesmente acessa o “Google” no computador e copia tudo.

Destarte, sem qualquer saudosismo – e sem querer descobrir a pólvora – há que se trazer à baila os gênios da docência, como o sobralense Newton Craveiro que, há quase um século, escreveu o magnífico livro didático “João Pergunta”, que ensinava fenômenos da natureza, como o processo das chuvas e das lavouras. Isso para proporcionar ao aluno cearense uma visão de nossas crises climáticas, da realidade das secas.

No mencionado livro – adotado nas escolas cearenses nas décadas de 1920 e 1930 por recomendação do educador paulista Lourenço Filho - o menino “João”, muito curioso, está sempre a perguntar, desde a causa da falta de chuva até a finalidade dos açudes, daí seu apelido “João Pergunta”. Num trecho o protagonista João sonha estar no céu. De lá vê Chico Pão, na terra, a fumar longo cachimbo e, ao soltar baforadas de fumaça, gritar: - Lá vai fumaça, João. Agora manda chuva!

E o livro prossegue: “O Sr. Leocádio explicou o sonho. A fumaça do cachimbo são os vapores d´água que saem da terra e vão formar as nuvens. Chico Pão mandava fumaça e João mandava água. É a terra que manda vapores d´água para o céu e o céu que manda chuva à terra”

“João ainda pergunta: - E como os vapores viram chuva lá em cima? – Por causa do resfriamento, explica o Sr. Leocádio”.

O “João Pergunta” educava melhor que o celular de hoje.


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