Postura verbalizante de Bolsonaro

Para os que não conheciam a postura de Bolsonaro como parlamentar, surpreendem-se, agora, quando, em matérias relevantes, igual à reforma previdenciária, vê-se ele interferir no trâmite no Parlamento, criando alternativas que, a seu juízo, poderão apressar a aprovação na CCJ e, logo depois, no Plenário da primeira das Casas Congressuais.

Mesmo confiando nos seus ministros, ele não se dispensará de acenar com apelos para obter apoios, facilitando o andamento da proposição, ansiada por todos, mas com entraves nas diversas fases de debates, cujo deslinde na gestão Temer não se registrou, à falta de quem dialogasse, mais serenamente, sobre o relatório do deputado Arthur Maia, respaldado por lideranças prestigiosas, porém sempre se deparando com alguns obstáculos.

Se ele, como deputado atuante, nunca se ausentou da tribuna, na discussão de temas de realce, no caso presente, não deixará de buscar, transigentemente, canais de entendimentos, habitualmente utilizados no Legislativo, para que diminuam as obstruções e outros empecilhos, que dificultam o curso de projetos vitais para o País.
Dele, reclamar-se uma postura de líder silente seria desconhecer sua tradição de tribuno, que desponta, não para atrapalhar qualquer tramitação, mas – ao contrário, tornar factíveis alterações, no texto elaborado pela equipe do ministro Paulo Guedes. Se algumas mudanças descaracterizarem a estrutura básica da proposta, ele usará o instituto do veto, impedindo, assim, que predominem diretrizes equivocadas, inadmissíveis no roteiro projetado pelo Executivo.

Pretender-se que ele – de parlamentar atento se transforme em dirigente passivo – é deixar de reconhecer a sua imagem, que o projetou para a vitória, na competição eleitoral.

Como no cancioneiro popular, ele poderá reprisar a toada que proclama “o meu destino será como Deus quiser...”.