Parcerias possíveis

Diálogo é método indispensável para o fazer político, mais até do que a disposição para os embates que, infelizmente, são incontornáveis. Em tempos de acirramento ideológico, o exercício do entendimento mútuo parecia um anseio distante, necessário à pacificação dos ânimos. Do diálogo, deve esperar e exigir mais do que a missão de servir de caminho a clima de civilidade que nem sequer deveria se colocar como desafio.

Mitigar diferenças e valorizar os interesses em comum são caminhos para se buscar formas de crescimento mútuo, de avançar em pautas de diversas áreas e de, assim, transformar a realidade dos interlocutores em questão. Neste sentido, tem se mostrado promissor o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), que reúne os estados da região em torno de uma agenda comum, com ações em diversas frentes.

A ação mais recente do coletivo de governadores que encabeça a iniciativa foi uma missão pela Europa, com objetivo de ampliar o fluxo de negócios, públicos e privados, com investidores europeus; e fortalecer as relações de cooperação já existentes. O Consórcio busca evidenciar os potenciais da região, produtivos, de consumo e de desenvolvimento. A região abriga 57,1 milhões de habitantes e tem o equivalente a 14% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. 

Em viagem pelo Velho Mundo, os chefes do Executivo do Nordeste ambicionam mobilizar possíveis parceiros para conseguir investimentos nas áreas integradoras, como sustentabilidade, infraestrutura, turismo, saúde, segurança pública, saneamento e energias limpas. Com empresários e governos europeus, discutiram-se projetos como o da criação de uma rota de gás natural, ligando os 9 estados da região; ações de cooperação para preservação do meio ambiente e em sustentabilidade das cidades (uma carta de compromisso foi assinada com o governo francês); e linhas de crédito para investimentos principalmente nas áreas de sustentabilidade e agricultura familiar.

Atrair recursos do exterior para a região é fundamental, em especial, no contexto de uma economia nacional que atua em várias frentes para vencer a crise e problemas estruturais e institucionais que pareciam crônicos. Além das parcerias europeias, há um empenho contínuo de trazer para cá o dinheiro dos ricos países asiáticos, como a Coreia do Sul e, principalmente, a China. E o Nordeste tem tido uma boa performance neste sentido – Ceará incluso, vide o exemplo do Porto do Pecém.

Estar ciente das próprias capacidades e do potencial que se tem é essencial, confere mais autonomia às unidades da federação. Vai além, fazendo pela região, fazem pelo País. 

O Governo Federal tem se empenhado, prioritariamente, nas reformas estruturantes – depois da Previdência, do sistema tributário e do pacto federativo – e em privatizações. Deve estar atento, também, para estas movimentações dos estados e, no que for possível, deve dar sua contribuição para reforçar a oferta que daqui se faz em vista da conquista de parceiros de negócios em outras partes do mundo. Aqui, o diálogo é igualmente fundamental, para que vá além do entendimento entre partes que têm suas diferenças políticas, e impulsione o crescimento no País.


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