Pais diante da separação

A separação de um casal atinge toda a família. Na maioria das vezes, é muito difícil para os adultos, mesmo quando já não há mais afeto. Para as crianças, o impacto é ainda mais doloroso. É um momento de crise, caracterizado por perdas, mudanças e sofrimento, mas, se for bem conduzido, pode ser melhor assimilado pelos filhos. Os pais podem auxiliá-los a enfrentar essa crise e devem se empenhar em promover um ambiente seguro, livre de tensões, discussões, desentendimentos e desavenças, para que eles possam lidar com a situação da melhor maneira possível. É um processo que precisa de tempo para ser assimilado e superado. Sem dúvida, o início é o período mais delicado, em virtude da fragilidade emocional pela qual todos passam.

A superação vai exigir constantes ajustes e novos manejos das relações familiares. Existem algumas orientações importantes que visam diminuir o sofrimento dos filhos: após tomarem a decisão de se separar, os pais devem, juntos, comunicar aos filhos de forma clara a decisão que tomaram (algumas vezes se faz necessário dizer mais de uma vez); é essencial que o casal não envolva os filhos em seus desentendimentos ou discussões; devem deixar claro que eles não têm nenhuma culpa ou participação nessa decisão; é importante evitar mais mudanças na rotina das crianças; os pais não devem dividir seus anseios e medos com os filhos, pois estes são impotentes diante disso; filho não pode ser confidente, pois não possui estrutura emocional para lidar com a dor dos pais além da sua; os pais precisam assegurar aos filhos que eles não perderão o amor e a atenção deles. Deve-se evitar falar mal do cônjuge diante das crianças e, sempre que possível, é benéfico ressaltar as qualidades do outro para os filhos; os pais devem postergar a apresentação de um novo namorado e só fazê-lo após reflexão sobre o assunto a existência de relativa estabilidade familiar; os pais devem deixar aberto o canal de comunicação no que diz respeito à educação dos filhos, para que os mesmos possam sentir firmeza e coerência na postura educacional e, assim, evitar possíveis atitudes de manipulação.

Os pais têm que lidar com a tristeza dos filhos diante dessa mudança na estrutura familiar, precisam aceitar o período de luto pelo qual eles passam, mas não devem adotar nesse momento posturas compensatórias. Se esse processo for bem conduzido, certamente as crianças sairão mais fortalecidas e amadurecidas. "Aprenda a se amar, criar filhos é uma via de mão dupla. Enquanto você os conduz pela mão, eles os conduzem pelo coração". Seria tão bom aproveitar esses momentos natalinos para uma reconciliação abençoada por Deus. Senhor, Deus e Pai, nós te louvamos e agradecemos pelos pais que temos, com tua graça, eles abraçarão a missão de revelar tua face paterna.

Raimundo Mariano da Silva. Ex-Diretor Geral do Juizado da Infância e da Juventude