Paçoca e doce de buriti

Não há dúvida e novamente se comprova. Uma história puxa outra.

Na manhã da publicação de nosso artiguete Paçoca com amor e resignação, recebo mensagem de um dos quatro meus mais antigos amigos, relatando fato verídico e assemelhado no enredamento.

Seu tio e primogênito dentre os irmãos do pai, residia em São Paulo. Além do grande respeito devotado pelos familiares, o grau de estima fazia-se sobejamente mostrado. Cada parente buscava conhecer as atitudes, as aspirações e, até, os menores gostos daquele respeitável mentor.

Nas vindas a Fortaleza, todos o disputavam, pois sua presença em almoços, jantares ou qualquer manifestação de carinho significava regozijo e orgulho.

Numa das estadas, alguém de forma perspicaz teria conseguido saber a guloseima que o cativava. Doce de buriti.

A partir dessa informação, julgada certa, a parentela deu-se a descobrir tudo o que se relacionasse ao fruto e à palmeira Mauritia Flexuosa.

Souberam ser planta originária da Amazônia, porém já adaptada ao cerrado, denominada buritizeiro, buriti-do-brejo, coqueiro-buriti e vastas denominações populares. E, ainda, que o doce de melhor qualidade produzia-se no Piauí.

Desde então, os da família que viajavam a Pauliceia levavam quilos da saborosa iguaria. Também a despachavam pelos correios e via aérea.

Os agrados sempre adocicados para a alegria do velho mano e do querido titio não podiam faltar. Principalmente, dada a inexistência do manjar no Sudeste.

Não demonstrando desejo de sobressair-se e, mesmo, não configurando presente de alta valia, os remetentes evitavam o conhecimento dos demais. E, assim, as destinações davam-se repetidas e constantes.

Num ágape de homenagem ao patriarca, havia variada sobremesa: doce, sorvete e mel de buriti.

Ante aos replicados oferecimentos, ato falho traiu o educadíssimo longevo. “Nunca apreciei tal fruto, desculpem!".


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