Oxente! E ainda tem esse porém?

Brejo Santo, por seus inúmeros personagens populares e fatos inusitados, coleciona vários jocosos bordões. Replicados sempre, ao longo dos anos, nunca se perdem no esquecimento dos tempos, nem nas lembranças do povo.

Um deles, nascido no fim da década de sessenta do século passado, continua vivificado e ressurge nas horas precisas do uso.

A cidade possuía uma companhia da Polícia Militar e o capitão, seu comandante, acumulava as funções com a do cargo de delegado municipal.

O policial, homem rigoroso no fazer cumprir a lei, além de temido, mantinha sob rígida disciplina a segurança pública.

À época, a expressão “dar parte” passara dos muros do quartel e ganhara as ruas, significando queixar-se, registrar denúncia.

Conhecido agricultor, proprietário de pequena fazenda, trabalhava de domingo a domingo, plantando e colhendo. O viver, um constante laborar, um produzir sem fim.
Cinquentão, casou-se com moçoila na flor da idade, bonita, saudável, alegre e feliz da vida. Sociável, granjeava amizades dos jovens de sua faixa etária, divertindo-se ao máximo.

Dominado pelo ciúme, o fazendeiro decidiu tomar uma providência séria, visando findar com os desfrutes em suas terras.

Buscou o capitão-delegado e expôs: “Capitão, tô aqui para dar uma parte. Labuto de sol a sol, sem descanso, toda semana. No sábado, basta eu sair pra feira, que um magote de cabras sem-vergonha vão lá pra casa e passam o dia dando em cima da minha mulher. Peço que o senhor dê uma solução. Um corretivo neles!”.

O militar, com semblante de indignação, ante a insolência do reclamante, retrucou de pronto: “Como é, seu safado? Por este descaramento, tava bom era eu lhe dar uma cadeia!”.

Desajeitado, saindo de fininho, o rurícola disse: “Oxente! e ainda tem esse porém?”.

Assim, quando a coisa já está ruim e possa tornar-se muito pior, o brejo-santense recorre ao refrão.


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