O presente do professor

O Dia do Professor merece mais que presente, mais do que loas, mais do que exaltações em momento temerário a quem faz esta profissão com amor, dedicação e muitos sonhos. O momento é preocupante quando uma deputada sugere exame toxicológico para professores numa lógica nefasta de que eles talvez sejam usuários de drogas e que é preciso sempre desconfiar de sua prática que muitas vezes é bancada com o mísero salário que recebe. 

Na Câmara Municipal um vereador resolve atentar contra a liberdade de cátedra e propõe câmaras para vigiar a ação docente numa completa falta de compostura e respeito e, nesse ínterim, uma vereadora vai às redes sociais falar mal de professores que estavam na suposta Casa do Povo para reivindicar seus direitos. 

O que dizer de parlamentares que atentam contra professores? O que pensar de membros do Poder Legislativo que não fazem um só pronunciamento quando professores morrem ou são agredidos por alunos e seus pais? Por que os nobres parlamentares não criam leis que gerem responsabilidade dos pais em relação ao estudo dos filhos que vão além da discussão famigerada do Escola Sem Partido? Fico impressionado porque estes parlamentares são evangélicos (frequentam igrejas) e não atentam para ditames bíblicos.

O Dia do Professor é repleto de temor, pois não sabemos o destino do Fundeb, não podemos falar de segurança do professor, pois há pessoas nas escolas prontas para rebater a palavra do professor em nome de uma lógica de família e costumes. 

Há temor, sim, pois os direitos dos educados e educadores estão sendo retirados e os parlamentares evangélicos agora resolveram ter mais conhecimento do que aqueles que passaram anos num banco de faculdade, e talvez em produção de dissertações, para serem refutados por líderes religiosos geralmente sem a mínima instrução. O Dia do Professor deveria ser de reverências e nunca de um Tribunal de Inquisição. 

Francisco Djacyr Silva de Souza
Professor


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