O poder é apaixonante

Bastaram poucos meses de um vacilante Governo para Bolsonaro anunciar ser candidato à reeleição. Pouco importou para ele que seu ministro da Justiça esteja envolvido em um escândalo de aparelhamento do Estado. Também não fez diferença o fato de que seu ministro da Economia entenda pouco sobre a complexidade das relações econômicas, bastando o discurso agitador sobre livre mercado, mesmo que não saiba como atingir esse objetivo em um país que, subdesenvolvido que é, necessita, muitas vezes, de se proteger da concorrência internacional.

O anúncio de candidatura à reeleição surpreendeu pouco quem estuda política, mesmo sabendo que Bolsonaro se dizia contra a reeleição. Talvez o que mais espantou foi isso ser feito tão cedo, o que abre margem para desgastes desnecessários. Como candidato que é, Bolsonaro agora se divide, em tese, entre Governar o País e fazer campanha. Digo em tese porque está cada dia mais claro que ele optou exclusivamente pela eterna campanha, fazendo de espaços institucionais da Presidência da República palanque para seu eleitorado mais fiel, aquela parcela da população que declara guerra para tudo o que se desvia minimamente de suas crenças. A estratégia aparenta ser simples: se ele conseguir manter 20% do eleitorado, provavelmente garante a ida ao segundo torno, em 2022.

O problema disso tudo é que 100% da população necessita de um presidente que priorize governar o País. A população votou para que o presidente eleito tentasse resolver os problemas do País, mas isso não tem sido priorizado por Bolsonaro. Até a tão propalada reforma da Previdência, colocada no pedestal pelo desconhecido Guedes, não foi priorizada pelo presidente e sua equipe, tendo sido “adotada” por Rodrigo Maia. E não o foi porque tirar direito de trabalhador não ganha voto. O poder é realmente apaixonante... para quem o detém.


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