O livro persiste até quando?

A minha geração foi marcada por muitos avanços na escrita, tanto na forma como no conteúdo. Rapidamente, passamos para as teclas do computador e ele nos concedeu diversas possibilidades, entre elas, a edição optativa. O texto pode ser impresso ou não, caso se queira enviá-lo para outras pessoas via rede, ou mesmo para um editor. Também mudamos a forma de ler, com texto mais compactos e ligados à imagem, com a recusa do famoso “textão”. E, aí, vieram os blogs e os facebooks, do tipo “faça você mesmo seu jornal”, como já acontece com o livro feito pelo próprio autor, cabendo-lhe a escolhas dos programas específicos para esse fim editorial.

Todas essas novas formas de autoprodução, edição e disponibilização foram motivos de debates acadêmicos, inclusive, com a possibilidade do fim do livro físico, como se conhece desde Gutemberg. Apesar das polêmicas e discussões, o livro continua firme. Muita gente consome o volume físico. Graças a Deus, dirão os editores e autores.

Não é o que acontece com as livrarias, o locus comercial do livro. Como parte do comércio, elas não têm garantias, dada que tudo pode ser adquirido pelas lojas virtuais disponibilizadas em redes sociais.

Ninguém vive mais fora do meio digital ao executar as tarefas cotidianas. Daí, existe uma nova geração de leitores que preferem a leitura online junto a tela de um computador, promovendo download em PDF, para isso utilizando também notebooks, tabletes ou smartphones.

O mundo digital promoveu uma intensa revolução, mudando estilos, promovendo a colonização cultural com uma tendência muito visível ao “presentismo”, seguida de forte negação ao passado, no sentido do imediatismo e que todas as manifestações podem ser feitas por você mesmo, no “hoje, aqui e agora”, sem intermediários, extinguindo profissões, notadamente aquelas afeitas a representações comerciais.

O livro resiste, mas não por muito tempo. É certo que todo referencial da humanidade em termos de conhecimento e cultura nele se encontra. Foi assim que a humanidade caminhou e progrediu. Então, mais do que um tesouro mantido em cofre aberto, o livro é matriz. E quando se completar digitalmente todo esse acervo, quanto tempo o livro durará? Até quando?


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