O Direito à utopia

Fortaleza sedia, de 24 a 26 de junho, a conferência ministerial regional sobre Economia Verde das Américas. Tendo como principal realizador a Unossoc, agência da ONU para a cooperação Sul-Sul, UNDP, WGEO, ISA e o Instituto Brasil África, este é congênere dos que tiveram lugar em Bangkok (Ásia) e Cairo (África), nas últimas semanas.

O que percebo, nesta movimentação mundial, é que os investimentos necessários para a adequação planetária ao aquecimento; ao aumento populacional e à redução dos estoques providos pela natureza, poderão ser a válvula de escape das crises cíclicas do capitalismo, na medida em que empregarão o excedente de capital acumulado pelo sistema financeiro. Talvez uma nova discussão sobre a taxa Tobin, cobrando imposto sobre as transferências especulativas internacionais, ou a recém-criada ideia de taxar a robotização, sejam o caminho para se possibilitar a reciclagem dos capitais, gerando um novo valor, que seria um mundo melhor para todos, o qual sofre um mal-estar, cuja raiz vem da falta de esperança para bilhões de pessoas, seguindo-se o atual padrão de desenvolvimento. Não é coincidência o grande número de filmes apocalípticos, em que pequenos grupos tentam salvar-se do extermínio.

A recuperação do planeta possibilitará empregos decentes, a esperança de um mundo melhor, sendo necessária uma remuneração justa para os capitais. A utopia capitalista de elevar ao máximo a taxa de retorno, no mais curto espaço de tempo, terá de ser contida, para possibilitar a vida na Terra.

Neste sentido, o intercâmbio Sul-Sul, com suas tecnologias exitosas, é um passo para o fortalecimento da Epistemologia do Sul (Boaventura S. Santos), reforçando a massa crítica de conhecimentos sobre nossa realidade. Um exemplo, a Fiocruz e o combate às doenças tropicais, relegadas pelos laboratórios internacionais ao segundo plano, que tem vasta atuação internacional. Um mundo melhor depende de iniciativas como essa e da criatividade humana.


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