O desafio do emprego

A taxa de desemprego no País, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diminuiu de 12,1% para 11,8% da população economicamente ativa, comparando os trimestres de junho a agosto de 2018 e de 2019. É uma boa notícia, em princípio, mas ainda encerra um viés negativo, o qual não se pode contestar. É o de que os motores dos indicadores de ocupação não impulsionaram o trabalho formal, com a geração de vagas com carteira assinada, mas a informalidade – na qual nem empregados nem empregadores usufruem dos direitos legais.

O avanço da informalidade em ritmo e volume indesejados se verifica como resposta à recuperação lenta da economia, entre outros aspectos.

A mesma pesquisa do IBGE aponta que havia em agosto no País uma população de 4,412 milhões de pessoas em situação de desalento - ou seja, que estavam à margem do mercado por razões que variam da falta de experiência ou por serem muito jovens ou idosos.

Com esses números, traça-se um panorama que, mesmo registrando determinados decréscimos no grave cenário que há anos deprime a economia nacional, é preocupante. Afinal, pela extensão dos danos que causa às famílias e à sociedade, o quadro deve ser combatido e corrigido com rigor e urgência.

Há pontos que registram ascensões, como a atividade da indústria brasileira, que avançou 0,6% em agosto, em relação a julho, segundo a Confederação Nacional da Indústria.

No Ceará, não obstante políticas públicas desenvolvidas e implementadas pelo Estado e por prefeituras, apoiadas por instituições como Sebrae, Fiec e Fecomércio, há resultados um tanto diferenciados. Um exemplo é o do Produto Interno Bruto de 2018. Enquanto, no campo nacional, o PIB verificou avanço de 1% no ano passado, entre os cearenses a elevação da soma de todos os bens e serviços produzidos no período foi maior – fixada em 1,87%.

Mais ainda: entre o segundo trimestre de 2018 e o segundo trimestre de 2019 houve redução de 0,8 ponto percentual na taxa de desocupação no Ceará. A diminuição pode parecer pequena, mas representa 23 mil pessoas que saíram do desemprego – isso equivale a 4,5 vezes a população de Guaramiranga.

Do segundo trimestre de 2012 ao segundo trimestre de 2019, a taxa de atividade do Ceará evoluiu de 77,5% para 80,4%, enquanto do segundo trimestre de 2018 ao segundo trimestre de 2019 recuou 0,5% ponto percentual.

Não é impreciso dizer que os indicadores ainda estão, de fato, abaixo do necessário. Da mesma maneira, é devido reconhecer cada desafio a ser vencido, assim como é indispensável analisar conjunturas com atenção e planejar medidas que apontem para a inclusão, convocando todas as instâncias da sociedade a participar do enfrentamento dos obstáculos.

No entanto, se se considerarem as secas dos últimos seis anos e os históricos entraves no desenvolvimento local, com demandas amplas em tecnologia e educação, por exemplo há de se encontrar um razoável conjunto de motivos para se saudar com ênfase cada ponto porcentual conquistado.

O desafio não é apenas combater o desemprego e de capacitar empreendedores e trabalhadores. É também o de gerar o emprego. E com qualidade.


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