O cupim da inveja

A inveja é um cupim para cujo combate inexiste remédio eficaz. Um agrotóxico entre os muitos agora recém-aprovados pelos sábios do Governo Federal. Há uma infinidade deles liberados para uso das mais variadas pragas agrícolas, mas infelizmente inexistem remédios eficazes para os garrunchos da alma, entre eles a inveja. 

A inveja perpassa toda a imensa flora humana, às vezes de forma violenta, de outras de maneira velada, quase imperceptível, mas trazendo sempre o veneno corrosivo da destruição e da maldade. Os seus cultivadores – e todos os somos de alguma forma – sempre buscam suavizar o poder destrutivo da inveja – com o uso de palavras aparentemente elogiosas sobre a pessoa objeto de seu ciúme (pois a inveja é um ciúme elevado ao quadrado), e é sempre a exteriorização de um complexo frente a um valor maior. 

Ninguém sente inveja do mais fraco, do mais pobre, do mais infeliz, do mais feio e do mais desgraçado. A inveja sempre volta o seu veneno ferino e mortal para os mais inteligentes, os mais bem dotados intelectivamente, para os mais aquinhoados pela fortuna no mais amplo sentido, embora em não poucos casos a aparência exterior não corresponda aos sofrimentos íntimos da alma. 

Ouvindo um grupo de pessoas, carregadas de sentimentos negativos, entre os quais logicamente a bíblica inveja, deduzi o quanto são maquiavélicas em destilarem contra terceiro seu tóxico destrutivo. São adeptas do mas, do porém, do todavia, como forma de diminuir ou destruir reputações. São sutis e malévolas, como nem a bruxa do filme. 
Começam por um elogio, para em seguida fazerem uso das conjunções – mas, porém, todavia... E aí esparramam toda a perversidade cultivada nos desvãos da alma. São intragáveis fofoqueiros, hoje com livre trânsito nas rodas cibernéticas onde fabricam fakes news à esquerda e à direita, indiferentes às consequências de seus atos.

Eduardo Fontes
Jornalista e administrador


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