Nossos velhos jogos de rua

Considere o “nossos velhos” a aproximados três quartéis de século, no vocabulário rebuscado do professor Ponto e Vírgula. Quem? No respostar de célebre colunista social, “depois eu conto...”.

Há tempos, os amigos Gervásio Bastos e Zé Nunes pedem artiguete sobre o tema. Credores persistentes, antes de afirmarem que prometo como sem falta e falto como sem dúvidas, melhor pagar. Logo faço.

Tais brincadeiras foram-se iguais às folhinhas de antigos calendários.

“Pé de parede” era quase diário. Os adversários postavam-se a metros do muro e lançavam os trecos da aposta. Vencia o conseguidor de colocá-los o mais próximo da amurada. “Bilas” – assim chamadas as bolas de gude –, castanhas de caju, tampinhas de garrafas, botões utilizados em times de tabuleiro e demais coisas dos folguedos viam-se apostadas.

“Triângulo”, nomes do instrumento e da competição. Arame grosso, de aproximados vinte centímetros de comprimento, pontiagudo numa extremidade e com ligeira volta na outra, onde se segurava nas pontas dos dedos polegar e indicador e o lançávamos contra o solo. Desenhado um pequeno triângulo, os jogadores, alternadamente, traçavam linhas a cada fincar do objeto, buscando prender o adversário, impedido de cruzar o risco do outro. Ganhava aquele que fechasse a área.

“Futebol de botão”, parecido ao atual, entretanto, composto de botões verdadeiros.

Papéis dos maços (dizíamos “carteiras”) de cigarro. Abertos e, de forma longitudinal, as bordas viradas para dentro, dobravam-se na metade e representavam dinheiro. Atribuídos valores conforme as marcas e as dificuldades de serem encontrados. Estrangeiros possuíam cotações maiores.

“Três buracos” em “jogo de bilas”; adivinhar o número final de placas de veículos chegando; “jogo da velha” riscado a carvão na calçada; “gol a gol” com bola de meia; “pelada” na rua e... findou o espaço da seção!


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