Nazismo em camadas

O Brasil está vivendo um momento de minimização democrática, em que parte da população nega o acesso a direitos a pessoas em desvantagem econômica e social, além de, em muitos casos, pregarem o extermínio dessas pessoas. Penso que esse cenário, que chamarei de nazista, se desenvolve em camadas e tem relação direta com a internet.

Há cerca de 15 anos, quando a internet ainda engatinhava, já existia a chamada “Deep Web”, a internet profunda. Esse espaço virtual permite que pessoas naveguem na internet com relativo anonimato. Não havendo receio de punição, muitos cometem crimes: pornografia infantil, apologia ao nazismo etc. Era um número reduzido de pessoas que tinha acesso a esses espaços, o que o tornava pouco relevante. Apesar disso, os crimes eram reais.

Nos últimos 10 anos, as redes sociais e a interação com sites de comunicação (na seção “comentários” de matérias, por exemplo) fizeram com que essas pessoas, emergindo da Deep Web para a internet que todos nós utilizamos, subissem uma camada. Aos poucos, foram testando seu arsenal de infâmias, injúrias, difamações e calúnias. O anonimato desses espaços era similar ao da Deep Web. Aquele pequeno grupo de criminosos foi crescendo.

Por fim, nos últimos dois anos, essas pessoas se mobilizaram para eleger representantes no Legislativo e no Executivo. Lograram êxito, subindo mais uma camada. Mais uma vez, injúrias, difamações e calúnias foram determinantes. Agora, buscam normalizar a sociedade de acordo com o que ocorria na Deep Web: tentam criar um ambiente em que os mais fortes possam humilhar e massacrar os mais fracos, sem que sejam punidos por isso. 

O ideal para essas pessoas é que os crimes cometidos na internet sejam praticados à luz do dia com o status de normalidade, corrompendo a civilidade das relações sociais. Se conseguirem, completarão a ascensão do nazismo no País.


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