Mistério no Atlântico Sul

Parece até o título de um dos 66 romances policiais escritos por Agatha Christie (1890-1976), autora britânica popularmente alcunhada a Rainha do Crime. Porém, longe da ficção literária, a situação é bem grave e prejudica milhões de nordestinos. Há mais de dois meses, misteriosas manchas de óleo cru estão literalmente lambuzando a costa do Nordeste, tendo já atingido o sul da Bahia e afetado os estuários de diversos rios importantes, sendo o São Francisco o mais prejudicado.

Esta parte do Atlântico Sul sofre duramente os efeitos do mais grave desastre ambiental já acontecido no nosso litoral, sem que até o momento tenhamos alguma explicação plausível sobre sua origem. 

Milhares de voluntários estão aí, nas praias nordestinas - inclusive em várias cearenses, como as turísticas Jericoacoara e Canoa Quebrada -, fazendo o que podem, sem equipamentos adequados, submetendo-se à contaminação da pele e a outros problemas de saúde, numa demonstração de amor à natureza. 

Depois de muita hesitação, o Governo Federal mobilizou militares das três armas para atuarem nos esforços de retirada do óleo impregnado na areia, rochas e recifes de coral próximos às praias. Porém, o problema persiste e os estragos se estendem, avançando sem controle por outros pontos do País.

Até agora, o governo atirou para todos os lados, até culpando a Venezuela como se a nação vizinha tivesse jogado óleo ao mar, deliberadamente, para prejudicar o Brasil. Todavia, a causa concreta do problema permanece obscura, nebulosa. Enquanto isso, a pesca e o turismo, atividades econômicas importantes, estão seriamente afetadas, sem falarmos nas tartarugas, aves e demais espécies atingidas pela catástrofe. 

Além de identificar a causa da tragédia, urge recuperar toda a área atingida, com todos os meios possíveis para devolver-lhe a limpeza e beleza originais. Nós, nordestinos, estamos agoniados com esta situação!

Gilson Barbosa
Jornalista


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