Minorias religiosas

Nenhuma polêmica sobre minorias no Brasil pode excluir as minorias religiosas. O Catolicismo, até a Constituição de 1946, foi a religião oficial do Estado. Nesta época, as demais religiões eram consideradas marginais. Algumas delas foram perseguidas, notadamente as crenças africanas como candomblé, umbanda, xangô e quimbanda. Agora, com a Carta Política de 1988, existe ampla liberdade de religião, apesar de persistirem certas intolerâncias e preconceitos.

O país é o maior do mundo em número de católicos, cuja igreja possui muito poder e influência. Em termos políticos, participa da ala de esquerda, defendendo justiça social, trabalho de grande valia para as pretensões de uma nação que se diz democrática.

Predomina, no entanto, o sincretismo religioso. Muitos brasileiros, que se dizem católicos, na realidade, exercitam religiões alternativas, místicas e espiritualistas afro-brasileiras. Logo, os cultos espiritualistas africanos estão em plena ascensão. Estima-se que, na Grande São Paulo, existem cinquenta mil centros de cultos afro-brasileiros e, em Salvador, 356 igrejas católicas e quatro vezes mais centros espíritas afro-brasileiros.

Importante ritual desses cultos é a homenagem feita a Iemanjá. A cada 31 de dezembro, por toda a noite, ao longo das praias do Rio de Janeiro, Salvador e Santos calcula-se que mais de três milhões de pessoas participam do evento.

Por outro lado, acelera-se o crescimento do movimento Protestante, principalmente entre as classes média e baixa. O judaísmo é praticado nos grandes centros urbanos, onde se localizam as sinagogas. Estipula-se que a população judia no Brasil é relativamente pequena, em torno de duzentas mil pessoas, se comparada à população total,que ultrapassa o índice de cento e sessenta milhões de habitantes.

Ainda assim, houve perseguição nos tempos da Inquisição no Brasil, em Portugal e na Espanha: alguns judeus foram levados a Portugal e foram mortos e um grande número converteu-se ao Cristianismo no Brasil e em Portugal, denominados de "Cristãos Novos".

Existem também muçulmanos, Kardecistas, hare-krishnas e budistas; basta dizer que São Paulo tem a maior população japonesa de que qualquer cidade do Japão. Qualquer desses grupos religiosos pode praticar livremente seus rituais no Brasil de forma igualitária, mas, na prática, torna-se visível o desejo de um sobrepor-se ao outro, de julgar-se detentor de uma verdade única e, consequentemente, de privilégios terrenos e de além-túmulo.

EDILSON SANTANA - professor de Filosofia e promotor de Justiça