Mar de lama

O mar não está para peixe, tampouco os rios, cada vez mais assoreados e poluídos, enquanto as florestas vão perdendo a sua fauna e flora. São tempos estranhos, como costuma dizer o ministro Marco Aurélio. Na política, sempre surge um novo escândalo, uma nova descoberta da prática de atos nada republicanos, para usar o chavão da moda.

Estaremos vivendo tempos apocalípticos, como creem muitos? Ou tudo será mesmo fruto de práticas malsãs, enraizadas desde remotos tempos e revigoradas ao longo da história? 

Diante deste mar de lama, representado pelo derramamento de toneladas de petróleo provenientes de um possível "navio fantasma" a remeter-nos à clássica obra O Fantasma da Ópera, e às não menos misteriosas "queimadas" da Floresta Amazônica - é bom pôr de molho também as barbas, diante das graves crises políticas vivenciadas hoje pela América Latina. As mudanças intempestivas e inesperadas a nublarem um céu antes de brigadeiro.

O anoitecer da cidade de São Paulo em plena 15 horas, para quem acredita em sinais vindos do céu, pareceu um aviso antecipado das futuras crises ora enfrentadas pelo Chile, pela Bolívia, pelo Equador e pela Argentina. 

E pelo Brasil, como se vê a olhos claros, tal a gravidade da situação política e social, afora as decorrentes da destruição da flora e da fauna e da riqueza marinha, sem precedentes no Nordeste brasileiro.

Tudo isso é um aviso aos navegantes e uma advertência: não vamos brincar com o risco Brasil, com a paciência do povo, com a miséria e o abandono de milhões, enquanto a política continua a protagonizar escândalos diários, como se estivesse de costas para os graves desafios da hora presente.

Chega de fake news, de brigas por cargos e posições, de questiúnculas, pois o fogo da insatisfação popular avança, e o mar não está para peixes, e o ar político se mostra poluído por gases venenosos.


Eduardo Fontes
Jornalista e administrador


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