Mal silencioso

Ao divulgar as prioridades para sua atuação no começo de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou a necessidade de promover ao longo do ano o maior controle de doenças crônicas não transmissíveis. Um destes males - citado no documento - é o diabetes, que alcança uma parcela ampla da população mundial. A estimativa do organismo internacional é que uma em cada 11 pessoas no mundo tem diabetes. E os índices globais apresentam uma curva ascendente. Nas Américas, a proporção é um pouco menor - um caso para cada grupo de 12 indivíduos. A quantidade é três vezes maior do que a registrado nos anos 1980. No Brasil, o diabetes atinge mais de 13 milhões de pessoas.

A explosão do número de casos ao longo destas décadas está relacionada à disseminação de hábitos nocivos que potencializam a doença. São vilões nessa história a falta de exercícios físicos regulares e a má alimentação, combinação comum, sobretudo, nos grandes centros urbanos. Sabe-se que a obesidade, decorrente do sedentarismo, é uma das principais causas do diabetes tipo 2, a variante mais comum da doença.

Caracterizado pelo aumento dos índices de glicose no sangue, o diabetes age de forma silenciosa e pode ter consequências graves para o organismo, daí a necessidade de se chegar ao diagnóstico o quanto antes. Entre as complicações da doença, estão lesões e placas nos vasos sanguíneos. A oxigenação dos órgãos é, assim, comprometida, o que catalisa o risco de infartos e AVCs. Estão ainda na lista de males comuns decorrentes do diabetes perda da visão, impotência sexual, dificuldade de cicatrização de feridas (que, por vezes, agrava os casos e pode levar a amputação de membros), e mau funcionamento de órgãos como rins e cérebro.

Há fatores que potencializam o diabetes e são mais difíceis de contornar, caso do envelhecimento e a predisposição genética. Por outro lado, há medidas que ajudam a minimizar os riscos de se desenvolver o tipo 2 da doença, com ganhos em saúde que muito excedem a sombra lançada pelo mal silencioso. A preocupação com o aumento de casos está entre as preocupações da OMS, e motivaram planos como o de atuar junto aos governos para atingir a meta global de redução em 15% da inatividade física até 2030.

São ações previdentes, que podem ser adotadas o quanto antes pelas administrações públicas em todas as suas instâncias. Passa por políticas e obras públicas que incentivem a prática de exercícios regulares, aliado a medidas para conter a poluição atmosférica e campanhas de conscientização contra o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas de forma excessiva e a má alimentação. Todos estes são fatores de risco que impulsionam o aumento de doenças crônicas.

A informação, em todos estes casos, é uma aliada importante, e à mão do cidadão, para além dos movimentos do Estado. Sua valorização para pela adoção do hábito de cuidar de si mesmo, de dar atenção aos sinais do corpo e de, periodicamente, buscar auxílio médico especializado para se evitar surpresas desagradáveis de casos inicialmente assintomáticos. Males silenciosos como o diabetes exigem atenção redobrada. Saúde é a consequência de ações previdentes.