Mais um PIB frustrante

O crescimento de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre evidencia o baixo dinamismo da economia, em meio ao arrastado processo de recuperação. Considerando o efeito devastador da greve dos caminhoneiros, o estrago poderia ter sido maior, posto que algumas projeções apontavam para queda. No entanto, tampouco se pode interpretar o resultado como um divisor de águas. A incerteza continua a reinar.

Para melhor entendimento do contexto, vale frisar que o IBGE revisou o PIB do primeiro trimestre, passando de 0,4% para apenas 0,1%, avanço meramente residual. Ainda assim, na soma dos 12 meses encerrados em junho, a economia se expandiu 1,4%.

No comparativo com o segundo trimestre de 2017, o crescimento foi de 1%. Levando em conta este parâmetro, um levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating que abrange 47 países concluiu que o Brasil ficou em último lugar. Líder do ranking, a Índia recrudesceu 8,2%, seguida pela China (7,6%) e Filipinas (6%). Empatado com o Brasil, ficou o Japão e imediatamente acima, a Itália, que avançou só 1,1%.

A performance frustrante na metade inicial deste ano incita receio quanto à capacidade de retomada do País e aumenta a necessidade de ritmo mais forte neste segundo semestre, o que ainda depende de vários fatores.

Analisando o desempenho por segmentos, o PIB do trimestre passado mistura alguns indícios bons com muitos outros ruins. De positivo, pode-se ressaltar o crescimento do setor de serviços (0,3%). Tal categoria, que fora a turbina da economia nacional, ainda tenta se desvincular da recessão. Sua módica melhora entre abril e junho foi importante para o cômputo geral do PIB.

A agropecuária ficou estável, mas o setor possui no retrovisor uma base comparativa altíssima. No ano passado, obteve safra recorde e, em 2018, é compreensível que não supere aquela marca. Mas, de todo modo, a atividade está mantendo ritmo forte, operando ainda como o sustentáculo mais sólido e competitivo da produção brasileira.

Essa pujança não se faz presente em outros ramos, como a indústria e a construção civil. Ambas continuam alternando pequenas altas com declínios, pelo que não alcançam a efetiva recuperação. A indústria encolheu 0,6% no trimestre passado, e a construção caiu 0,8%. Mas o sinal mais alarmante provém do investimento, que registrou forte retração de 1,8%. Como sair definitivamente da zona de inanição sem investir?

E como investir se não há perspectivas tangíveis de melhora? Eis o impasse que vem impedindo o País de convalescer. Com o desemprego em evidência e o baixo consumo das famílias, o setor produtivo não vê razão objetiva para acelerar o compasso.

Ademais, a nebulosidade que envolve a eleição presidencial reprime sobremaneira o ímpeto do investidor. Para ele, é logicamente mais prudente esperar o resultado do pleito para, então, tomar decisões fundamentadas em expectativas mais claras. Já do investimento público não há muito o que esperar.

Em resumo, tudo orbita ao redor da eleição. Se o eleito for um candidato com atributos para acalmar o País após tantas intempéries, amenizar a deletéria divisão popular e conduzir projetos e reformas necessários, a confiança crescerá, e os investimentos serão impulsionados.

Caso o escolhido tenha o perfil oposto, de desagregador, de soluções simplistas ou populistas, é improvável que o otimismo retorne logo.