Julgamento da ciência, arte e política

Antes de qualquer providencia, o primeiro passo é adotar um critério moral, que tenha por objetivo geral e maior tornar possível a convivência humana em face das suas manifestações, inclusive autônomas a esse mesmo critério, procedendo a um julgamento onde possam ser evidenciados nossos vetores mais fundamentais como a liberdade, a justiça, a paz e a harmonia social.

Principiando a ciência, penso que o seu julgamento está associado ao seu progresso baseado na escala do que é “verdadeiro e falso”. A avaliação da cultura, pelo seu lado mais aberto, a arte, ultrapassa o simples julgamento pelo belo e o feio, também superando a moral baseada no bom e no mau. Aliás, a autonomia pode ser granjeada à economia que funciona tendo em vista as regras do mercado, ao adotar um critério da utilidade. Nos negócios falam também em critério de eficácia, os quais superam as clássicas regras morais, dado que não é possível atuar nesse plano sem esses valores concretos.

Para Norberto Bobbio, um dos campos mais controvertidos e também aquele que cada um é particularmente sensível é o da vida sexual. Não há como julgá-la, pois a vida sexual não tem regras de condutas muito precisas, ou obedece a regras diferentes daquelas da moral. E, aqui, acrescento que essa vida não comporta julgamento.
Mais difícil de julgar, a par de todos os parâmetros, é a política porque seus critérios estão muitos ligados à própria prática que, na maioria das vezes, são avessos à moral e à ética. Assim, mesmo a latere do debate nocivo de que os fins justificam os meios, os estudiosos não afastaram a possibilidade de um critério mais objetivo, caso da dualidade “amigo-inimigo”.

O grande problema é que o universo da política envolve uma dimensão prática muito maior do que entendimento convencional. Em vista dessa concretude, cunharam a expressão “realpolitik”, referencia a uma política ou diplomacia baseada no resultado, em detrimento de noções ideológicas, viabilizando decisões coercitivas e até imorais.
O fato é que a dualidade (amigo-inimigo) não é capaz de conceder autonomia, porque trata-se de atividade que pode ser incluído o neutro, que não é amigo nem opositor. Talvez os critérios de conveniência e oportunidade possam julgar a política de forma autônoma, inclusive sua ação e prática.