Jacundá, Popó e o teco-teco

A Navegação Aérea Brasileira (NAB) operou como empresa de aviação comercial de 1938 até 1961.

Possuía instalações no antigo Aeroporto Pinto Martins e ainda ocupava quadra de terreno no bairro Damas (área do hoje Pan-Americano), na então artéria denominada Beco da NAB, atual Rua Ceará, próximo à Avenida João Pessoa.

Ali, existiam depósitos de materiais para os serviços gerais de manutenção das aeronaves, oficinas de veículos e de consertos de equipamentos utilizados em embarques e desembarques de passageiros e de cargas e descargas aéreas.

Também incorporava o escritório de apoio administrativo terrestre e demais setores afins. Muitos dos empregados residiam nas adjacências e, nos deslocamentos de casa ao trabalho e retornos, eram vistos trajando uniformes funcionais.

No fim de 1961, depois de dificuldades empresariais, mesmo antes tendo recebido auxílio governamental e, inclusive, realizado parceria com a Panair do Brasil, organização congênere, foi adquirida pelo Loide Aéreo Nacional.

No ano anterior, José Jacundá aposentou-se na atividade aeroportuária e passou a vestir-se semelhantemente aos aeronautas: calça azul marinho, camisa branca, sapatos e quepe pretos, além de símbolo ornado de asas douradas. Não parecia aluado, demonstrava conhecer, de forma genérica, muito sobre aviões, principalmente, quando descrevia características técnicas do Douglas DC-3, C-47 e de outros aviões daquela companhia na época.

Dizia-se velho copiloto, contava histórias mirabolantes, afirmando ter salvado, junto a um comandante de voo, a vida de 50 passageiros, num pouso em Belém.
Popó, famoso ex-jogador do Ceará Sporting Club, após deixar o futebol, montou mercearia na Rua Ceará, ao lado da via férrea e, nos fins de tardes, proseava com Jacundá. E sempre, com o maroto riso, incentivava-o a construir um teco-teco.